Relatório traz dados sobre uso de software de similaridade

O software Turnitin Originality foi utilizado 1.769 vezes por usuários da UFMS de outubro de 2021 à primeira semana de janeiro deste ano. Este dado faz parte do primeiro relatório de uso da ferramenta na Universidade, desde sua oferta por meio do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) Moodle. A iniciativa foi uma recomendação do Conselho Editorial da Editora UFMS.

Além da quantidade de envios por dia, o relatório traz, também, informações sobre a quantidade de usuários ativos, os dias de maior atividade no período e as porcentagens de similaridade identificadas nos trabalhos enviados. Ao todo foram registrados 1.220 usuários ativos da UFMS até 5 de janeiro de 2022. A maior atividade foi registrada entre 4 e 7 de outubro, com mais de 100 usuários ativos por dia e consequentemente mais de 100 envios diários, chegando a 255 envios no dia 6.

Do total de 1.769 trabalhos verificados neste período pelo software, foram registrados 213 com 0% de similaridade; 461 com índices entre 1 e 24% de similaridade; 349 entre 25 e 49% de similaridade; 203 entre 50 e 74% de similaridade e 113 entre 74 e 100% de similaridade.

 

Ferramenta

O Turnitin Originality visa a apoiar o desenvolvimento de trabalhos quanto à originalidade de seu conteúdo, apontando índices de similaridade entre os textos enviados à plataforma e o banco de dados da empresa. “A solução oferece às instituições parceiras a oportunidade de fomentar uma produção científico-acadêmica cada vez mais original, apoiando o desenvolvimento e a promoção de uma cultura de integridade acadêmica em suas dependências”, apontou o consultor de Serviços Profissionais e Educacionais da Turnitin Brasil, Bruno Lancellotti.

A diretora da Agência de Comunicação da UFMS (Agecom), Rose Pinheiro, destacou que “o objetivo é ampliar e fortalecer a cultura de inovação, a cultura de direitos autorais e também o entendimento sobre o que é plágio, fortalecendo os estudantes e professores no conhecimento sobre as normas, sobre como fazer citações, sobre como utilizar outras publicações, que vêm agregar no trabalho. Isso melhora nossas publicações, nossa produção acadêmico-científica como um todo”, falou.

Para o consultor da Turnitin Brasil, os professores passam a contar com uma ferramenta poderosa que, mediante uma análise cuidadosa, amparada pela aplicação de filtros de exclusão, permite a identificação de possíveis pontos de melhoria, “o que culminará no processo de feedback formativo. Além disso, os docentes poderão monitorar eventuais tentativas de enganar a ferramenta através das marcas de alerta, com acesso aos metadados dos documentos”, disse. Já para os estudantes o benefício é o aprimoramento da produção, amparado pela devolutiva por meio da ferramenta.

O Turnitin Originality já é utilizado para a verificação dos livros selecionados pelos editais de apoio à publicação da Editora UFMS desde novembro do ano passado. Para a secretária da Editora, Elizabete Aparecida Marques, “trata-se de um recurso importante e necessário que trouxe benefícios, pois assegura a originalidade e o ineditismo das obras submetidas aos editais. Com o uso desse software, a Editora se sente mais segura, pois dispõe de um mecanismo que garante as boas práticas de sua produção editorial. Acho que é uma proteção para os autores dos livros por nós publicados”, comentou.

 

Dados

Sobre os dados de similaridade do primeiro relatório de uso na UFMS, Bruno comentou que a observação pura das estatísticas poderia induzir a determinadas interpretações e que é parte de sua missão, como consultor da Turnitin, relativizar, aprofundar e orientar tais inferências ou leituras mais “globais”. “Todo percentual, de todo e qualquer arquivo submetido, deve ser analisado cuidadosamente em seus detalhes, pois é ali que poderão ser identificados os possíveis pontos de preocupação e/ou melhoria e tomadas as devidas atitudes, mediante uma análise pragmática e factual dos dados compilados e apresentados pela ferramenta”, explicou.

Segundo o consultor, o percentual de similaridade por si só sempre será relativo ao tamanho do texto, e também às suas características e peculiaridades. “É esperado que a grande maioria dos trabalhos acadêmicos conte com citações diretas, paráfrases, resumos e trechos de redação comum que trarão coincidência e comporão, em conjunto, o percentual global de similaridades oriundo da conjunção de todos esses trechos coincidentes encontrados, e que não são, tecnicamente, um problema. O que queremos identificar e combater são as más-práticas e a escrita não-original, o que inclui o plágio acadêmico”, indicou.

Como exemplos da importância de analisar individualmente caso a caso, antes de conclusões precipitadas, citou a relatividade da porcentagem do material e diversas possibilidades, como envios duplicados, entre outros. “Um texto grande, de 300 páginas, pode contar com trechos relativamente pequenos, uma página inteira representaria menos de 1% em um trabalho desse porte, literalmente plagiados (inseridos sem dar crédito à fonte, em um ato de copiar e colar, por exemplo). Mesmo os percentuais muito altos (74 a 100%) devem sempre ser analisados individualmente porque podem ocorrer devido a uma série de fatores que devem ser apurados (envios duplicados e indexados na Turnitin, trabalho publicado previamente e citado, etc.)”, alertou.

Já sobre a quantidade de usuários e de envios, o consultor acredita que a UFMS caminha bem no processo de implementação da ferramenta e que a assimilação e incorporação do uso do Originality foram facilitadas pelo uso integrado com o AVA/Moodle da Universidade. “A integração veio facilitar a interação dos atores envolvidos com a ferramenta, já que a ativação da Turnitin em qualquer tarefa ou fórum, por exemplo, só dependem de uma configuração bastante simples da parte do docente, ao passo que o fluxo de envio dos trabalhos permanece inalterado para os discentes”, apontou.

 

Perspectivas

Bruno acredita que novos fluxos acadêmicos internos serão realizados com o software ainda neste primeiro semestre na UFMS, como depósitos de qualificações, teses, TCCs e dissertações, e, ainda, entregas de tarefas pontuais das disciplinas. “As possibilidades são muitas, o uso é irrestrito, e deve ser estimulado sempre que necessário. Ao longo do tempo, todos serão impactados e colherão os frutos desse processo: a instituição será cada vez mais acreditada e reconhecida por seus padrões e critérios rigorosos, e educadores e estudantes se beneficiarão dessa elevação do status reputacional da sua instituição”, falou.

“Penso que gradativamente teremos mais adesão de professores. É importante que saibam utilizar essa ferramenta, que está disponível no AVA para todos, mesmo para aqueles que não estão com aulas disponíveis no ambiente. Todos têm acesso à plataforma e podem utilizar o software, é bem simples”, ressaltou a diretora da Agecom, Rose Pinheiro, que revelou também a perspectiva de um novo relatório de uso ao final do semestre.

Em outubro de 2021, os professores da UFMS puderam participar de um treinamento sobre a ferramenta. O material está disponível na íntegra na página do AVA UFMS.

 

Texto: Ariane Comineti