Pesquisas no Projele investigam de formação a satisfação de professores e alunos

Sem dúvidas, o estudo de línguas estrangeiras soma conhecimento, cultura e pontua os currículos de quem dedica alguns anos a se tornar um falante de idioma não nativo. O projeto de extensão Projele – curso de línguas estrangeiras, do curso de Letras de UFMS, promoveu mudanças na vida de mais de dois mil alunos, da comunidade interna e externa, abarcados nessa iniciativa consolidada há mais de duas décadas na Universidade.

Mas qual o retorno desse trabalho aos acadêmicos em pré-serviço, futuros professores de idiomas, que assumem as turmas do projeto? Esse questionamento foi o mote da pesquisa “Projele: o papel de um projeto de extensão em línguas estrangeiras na formação dos futuros professores de inglês”, e que agora deverá ser estendido aos demais idiomas em execução no projeto.

“Esta pesquisa-ação tem por objetivo analisar o papel do Projele na formação dos acadêmicos que ingressam e atuam nele como professores bolsistas de língua inglesa, com o intuito de verificar sua influência no desenvolvimento teórico-prático destes discentes, na prática social de construção do conhecimento sobre a sala de aula e na possibilidade de análise crítica de seu próprio trabalho, por meio de instrumentos das pesquisas etnográficas como questionários, entrevistas e gravações sobre suas práticas. Pretendemos, com isso, conformar este espaço de ensino e aprendizagem de idiomas estrangeiros, também em lugar de pesquisa para os acadêmicos de Letras da UFMS”, explica a coordenadora do projeto, professora Marta Banducci Rahe.

Na pesquisa, foram analisadas e discutidas as ações desses professores-instrutores no projeto, além das práticas, aulas, dúvidas, resolução dos problemas, sugestões, leituras de textos teóricos, entre outras questões.

“Os alunos professores recebem certificado do Projele e aqueles que o apresentam são aceitos com mais rapidez no mercado de trabalho. É um projeto que tem credibilidade na cidade. Eles passam por uma experiência muitas vezes longa, alguns ficam quatro anos no projeto, durante toda a sua graduação, então saem com experiência prática muito significativa, tendo a sala de aula no seu dia a dia, com um público tão diverso”, afirma a professora Marta.

Além disso, o Projele os influencia a dar prosseguimento nos estudos com a pós-graduação. “As nossas reuniões, esse convívio, fazem com que fiquem um pouco mais reflexivos. Começam a questionar as práticas de uma forma bem crítica, isso os leva a procurar fazer uma pós-graduação, muitas vezes voltada para a formação de professores”.

Os professores do Projele são selecionados por meio de edital, devendo apresentar comprovação de formação na língua estrangeira e passar por prova didática, com miniaula, em banca de três professores. Ao todo são 35 bolsistas professores, cada um responsável por uma turma nos idiomas inglês, francês, espanhol, alemão, japonês e libras.

Mais pesquisas

As pesquisas estão sendo reforçadas no Projele, segundo a professora Marta. “É importante lembrar que queremos mostrar que conseguimos conciliar nesse projeto os pilares que sustentam a Universidade que são o ensino, a pesquisa e a extensão”.

Apresentada no Enex e inscritas para o Integra, uma das pesquisas envolve o trabalho com Literatura. “Três professores – de inglês, francês e espanhol – participaram, indo além do livro didático, trabalhando textos literários com alunos do projeto”.

Realizadas com grupos mais avançados, nas aulas de Literatura os professores trabalharam com contos, em vista de serem mais fáceis por serem textos mais compactos. Cada aluno ficou responsável por apresentar um conto, que era lido por todos e amplamente discutido.

“Foi um projeto bastante relevante e produtivo, que conseguiu desenvolvimento dos alunos em muitos aspectos. Houve ganhos na oralidade e pelo forte interesse, havia presença maciça nas aulas. Eles perceberam que houve uma expansão, uma liberdade, que muitas vezes em outros cursos não iriam encontrar”, expõe a professora.

Outra pesquisa envolveu os bolsistas estrangeiros – do Togo, Nigéria, Senegal  e do Haiti – que atuaram no ensino de francês. “Normalmente desenvolvemos as pesquisas na formação do professor com alunos do curso de Letras – que é a formação dos nossos instrutores, mas os estrangeiros são exceções, sendo alunos de outros cursos”.

A pesquisa foi feita no sentido de entender o que o Projele os proporcionou, tanto na vida pessoal como acadêmica, e o que a presença deles trouxe de mudança em um processo de internacionalização da instituição, a partir do acolhimento dos estrangeiros.

“É muito interessante ver como o Projele ajudou esses alunos a se situarem aqui dentro da Universidade. Eles ficaram mais tempo, receberam bolsa, participaram de reuniões pedagógicas, tudo isso foi importante para eles”.

Por último, foi realizada uma pesquisa de satisfação dos alunos com relação ao Projele, essa investigação foi implementada pelos bolsistas que atuam na área administrativa do projeto. A pesquisa online envolveu três alunos bolsistas. Dos 380 alunos matriculados, um número significativo de 130 alunos respondeu aos questionários.

“Queríamos confirmar qual era o idioma mais procurado, se os alunos estavam satisfeitos com o projeto, em que nível um projeto como este pode contribuir e deixamos uma questão em aberto para fazerem comentários e praticamente todos foram positivos”, expõe a coordenadora.

Os questionados demonstraram satisfação em ter a oportunidade de fazer um curso de língua estrangeira na Universidade, principalmente os que são da comunidade externa, além de considerarem o curso acessível e de boa qualidade.

Projeto de extensão, o Projele deve se tornar um programa e pela primeira vez está sendo ofertado nos demais câmpus onde há o curso de Letras.

Criado em 1996, o Projele já ofereceu até turmas de mandarim, árabe, italiano, latim. As turmas iniciam com 25 vagas, com oferta de prova de nivelamento para quem já possui conhecimentos prévios.

Paula Pimenta