Em parceria com a Unesco, UFMS realiza seminário internacional sobre patrimônio, lugares e sustentabilidade

Na noite de ontem, 26, a UFMS de Campo Grande sediou a abertura do 2º Seminário Internacional Apheleia América do Sul, realizado pela Universidade, em parceria com a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Com a presença de gestores, autoridades estaduais e internacionais, estudantes, servidores e de pessoas da comunidade externa, o encontro ocorreu no auditório Prof. Luis Felipe de Oliveira, localizado no setor 3. 

Com o tema Patrimônio, Lugares e Sustentabilidade, o intuito do seminário é refletir acerca das humanidades, que são o conjunto de disciplinas acadêmicas voltadas ao estudo da cultura, da sociedade e da experiência humana, além de provocar uma discussão sobre a promoção da ciência, os caminhos futuros da humanidade e a sustentabilidade do planeta em um mundo globalizado.

Durante a programação do evento, haverá a adesão oficial do Programa Institucional Trilha Rupestre: Inovações e Tecnologias Sociais na Bioeconomia Local, desenvolvido em parceria com a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect), à rede MOST Bridges. A coalizão global de ações em ciência da sustentabilidade faz parte do Programa de Gestão de Transformações Sociais (MOST) da Unesco, com o objetivo de responder às crises climáticas e construir pontes entre diferentes áreas do saber e da sociedade.

A reitora Camila Ítavo participou da solenidade de abertura e disse que o encontro se trata de uma frente global em que conhecimento, busca por soluções e integridade da pessoa humana caminham juntos. “Penso que sempre o referencial será a melhoria da dignidade de todas as pessoas. Quando pensamos em um território, na sua fauna e flora, nos seus recursos hídricos, também pensamos nas pessoas que vivem ali. Então, que a gente siga muito forte com esse conceito, por meio do ensino, da pesquisa e da extensão, pois cada um tem uma vocação e uma história para ser contada. E quero aqui registrar meu muito obrigada, porque sem parceiros não fazemos nada, precisamos muito de todos vocês. Sejam muitos bem-vindos à nossa casa”, frisou.

Para a pró-reitora de Extensão, Cultura e Esporte, Lia Brambilla, valorizar as humanidades é mostrar que as ciências que a envolvem fazem a diferença no mundo globalizado. “Estamos aqui hoje para trabalhar cada vez mais juntos, contribuir para solucionar os desafios do século, unir toda essa força latino-americana e conectar a América do Sul à Europa, deixar o mundo cada vez mais integrado”, disse. “Com o Trilha Rupestre, iniciativa aqui da UFMS, nós estamos concorrendo [à adesão do programa] ao selo MOST Bridges, justamente por causa dessas pontes com várias disciplinas que trabalhamos em várias áreas do conhecimento. Então, segundo o pessoal da Apheleia, a UFMS vem sendo pioneira nessa conexão entre culturas, nações e todas as áreas”, complementou.

De acordo com o professor do Instituto Politécnico de Tomar (IPC) e presidente do Conselho Internacional para a Filosofia e as Ciências Humanas (CIPSH) da Unesco, Luiz Oosterbeek, as universidades revelam o que há de mais humano. “A verdadeira universidade é o sentido do conhecimento universal, um programa filosófico completamente humanístico.  Muitas vezes, ao chegarmos a essas instituições, as ciências humanas estão muito separadas do resto, e isso é ruim. Mas o que eu vi aqui na UFMS foi o oposto, um ambiente universitário acolhedor, integrador, de muita qualidade”, elogiou.

Para ele, o Trilha Rupestre é uma proposta que representa muito bem o campo das humanidades. “Toda a estratégia desse encontro, do Bridges, é sobre a construção a partir das pequenas comunidades. Por quê? Porque nós estamos em um momento de grande incerteza, e todo mundo percebe que as coisas estão mudando, mas ninguém sabe para onde. Por isso, um projeto como esse [Trilha Rupestre], de altíssima qualidade, exemplifica exatamente essa busca. Então, eu encorajei muito que fizessem a candidatura [ao programa]. Estou na torcida”, enfatizou.

O 2º Seminário Internacional Apheleia América do Sul também contou com a participação de pesquisadores do Espaço Interdisciplinar de Estudos da Antiguidade, vinculado à Faculdade de Ciências Humanas; da Fundect; do CIPSH; do IPT; do Centro de Geociências da Universidade de Coimbra; do Instituto Terra e Memória; da Associação de Universidades do Grupo de Montevidéu; da Universidade César Vallejo; da Universidade do Extremo Sul Catarinense; além da Rota Cerrado Pantanal e do Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento Sustentável da Bacia Hidrográfica do Rio Taquari.

O evento teve ainda uma apresentação artística da Camerata Madeiras Dedilhadas, vinculada à Faculdade de Artes, Letras e Comunicação. A programação segue até sexta-feira, 28, envolvendo apresentações de trabalhos, mesas-redondas e visitas a museus e pontos de cultura.

A Apheleia

Criada em 2014 com o apoio da Comissão Europeia, a Associação Internacional Apheleia é uma rede de pesquisa, inovação e desenvolvimento que se dedica às humanidades para a gestão territorial e a sustentabilidade.

Orientada pela Declaração de Mação, a entidade traz como missão a prática de quatro eixos fundamentais: educação continuada; reorganização da matriz sociocultural e das relações intergeracionais; envolvimento de diversos atores territoriais; e estratégia de comunicação crítica.

As contribuições da rede Apheleia vão desde a idealização e criação do MOST Bridges à circulação de seminários internacionais para a expansão de ações e troca de experiências.

Texto: Raul Delvizio

Fotos: Raul Delvizio e Alíria Aristides