Entre 28 e 31 de outubro, a UFMS e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) organizam a 37ª edição do Simpósio Internacional sobre Arquitetura de Computadores e Computação de Alto Desempenho. O evento terá como sede o município de Bonito e conta com a participação de grandes nomes nacionais e internacionais da área de sistemas computacionais. Pela UFMS, à frente da organização estão professores e estudantes da Faculdade de Computação (Facom). As inscrições estão abertas e podem ser feitas aqui.
O Simpósio é realizado desde 1987 pela Sociedade Brasileira de Computação e a IEEE Computer Society. Tradicionalmente, apresenta em suas conferências novos desenvolvimentos de aplicações de alto desempenho, bem como as últimas tendências em arquitetura de computadores e tecnologias paralelas. Em outras edições, o evento reuniu representantes de mais de uma dúzia de países.
“O Simpósio Internacional sobre Arquitetura de Computadores e Computação de Alto Desempenho é um dos eventos temáticos mais tradicionais da Sociedade Brasileira de Computação. É internacional e ocorre de maneira ininterrupta, há 37 anos. Para a Facom, a responsabilidade em organizar a 37ª edição desse importante evento para a comunidade internacional e brasileira demonstra a inserção dos pesquisadores nessa comunidade e, ao mesmo tempo, a confiança da comunidade na qualidade e capacidade dos pesquisadores e estudantes da Facom”, destaca o professor e organizador Ricardo Santos.
A programação é voltada para professores, pesquisadores, estudantes de graduação e pós-graduação, além de profissionais da indústria de computação de alto desempenho do Brasil e exterior. “Foi construída pensando em trazer pesquisadores de altíssimo nível para palestrar no evento. Teremos três palestrantes principais, além de palestras técnicas com profissionais de empresas líderes de mercado na área de computação de alto desempenho”, completa o docente. Segundo ele, também haverá workshops na área de ensino de arquitetura de computadores, trabalhos de iniciação científica e concurso de teses e dissertações.
“Há apresentação de artigos científicos de alta qualidade em inglês e em português. Para os interessados em aprender novas tecnologias, há minicursos/tutoriais específicos sobre técnicas de programação paralela, compiladores, inteligência artificial e computação de alto desempenho”, conta Santos.
As conferências
Entre os conferencistas está o professor Manish Parashar da Universidade Estadual de Utah, nos Estados Unidos. Ele vai falar sobre Liberando a IA responsável para a ciência: dominando os dados abertos. Para o pesquisador, a Inteligência Artificial e os dados abertos tornaram-se motores essenciais para a descoberta e inovação científica. No entanto, concretizar esse potencial transformador requer uma abordagem transdisciplinar que garanta que a pesquisa e o desenvolvimento possam alavancar de forma eficaz e responsável a diversidade das fontes e dados.
“Apesar do crescimento exponencial das fontes de dados digitais disponíveis e da ubiquidade do poder computacional não trivial para o processamento desses dados, concretizar fluxos de trabalho científicos baseados em dados e habilitados por IA continua sendo um desafio. Nesta palestra, discutirei a importância de democratizar a P&D em IA incluindo o acesso a dados abertos e à ciberinfraestrutura avançada. Apresentarei a Iniciativa One-U Responsible AI da Universidade de Utah, que visa catalisar um ecossistema de inovação na Universidade de Utah e em todo o estado. Também apresentarei a visão, a arquitetura e a implantação do projeto National Data Platform, como parte de uma ciberinfraestrutura nacional mais ampla, que visa catalisar um ecossistema de dados aberto e extensível para a ciência”, revela Parashar. A conferência será realizada no dia 28.
Gerenciamento dinâmico de recursos para aplicações e arquiteturas HPC de última geração é o título da conferência ministrada pelo professor Jesus Carretero, da Universidade Carlos 3º de Madrid, na Espanha. Ele vai falar sobre o atual modelo de uso estático de sistemas de computação de alto desempenho (HPC), que está se tornando cada vez mais ineficiente. “Isso é impulsionado pela crescente complexidade e heterogeneidade das arquiteturas de sistemas, em combinação com o uso crescente de aplicações acopladas, a necessidade de escalonamento robusto com paralelismo extremo de escala e a crescente dependência de fluxos de trabalho complexos e dinâmicos. Como consequência, observamos um aumento na pesquisa sobre sistemas maleáveis, softwares e aplicações middleware, que podem ajustar o uso de recursos dinamicamente para extrair o máximo de eficiência”, explica.
“Ao fornecer uma coordenação global inteligente do uso de recursos, por meio do agendamento de tempo de execução da computação, uso da rede e E/S em todos os componentes da arquitetura do sistema, os sistemas HPC maleáveis podem maximizar a exploração de seus recursos, minimizando, ao mesmo tempo, o tempo de execução das aplicações em muitos, senão na maioria, dos casos. Tais sistemas maleáveis, no entanto, enfrentam uma série de desafios fundamentais de pesquisa. […] Esta palestra apresentará o estado da arte em gerenciamento dinâmico de recursos para sistemas HPC e abordará a primeira questão e algumas possíveis soluções para ela”, fala Carretero. A conferência será realizada dia 29.
Para falar sobre Análise de gráficos de alto desempenho para descoberta de motivos em gráficos de conectomas de neurociência e além usando Arachne foi convidado o professor David Bader do Instituto de Tecnologia de Novas Jersey, nos Estados Unidos. Ele fala sobre o crescimento de dados estruturados em rede em domínios como neurociência e segurança cibernética, exigindo análises de grafos escaláveis, mas tarefas complexas como isomorfismo de subgrafos permanecem acessíveis apenas a especialistas em computação de alto desempenho. “O Arachne é um framework de código aberto que democratiza a análise de grafos de alto desempenho por meio de uma interface Python, ao mesmo tempo em que abstrai as complexidades do paralelismo. Ele permite que algoritmos avançados de grafos sejam executados com eficiência, de laptops a supercomputadores”, esclarece.
Saiba mais
A programação completa, bem como dicas sobre onde ficar e o que fazer em Bonito podem ser obtidas na página do evento. “É a primeira vez que o evento é realizado na cidade de Bonito. Teremos mais de 100 trabalhos apresentados e esperamos um público de 200 participantes de todas as regiões do Brasil, além de participantes da Ásia, Europa, Estados Unidos e Canadá”, finaliza o professor da Facom.
Texto: Vanessa Amin
