O jornal laboratório Projétil do curso de Jornalismo da Faculdade de Artes, Letras e Comunicação (Faalc) conquistou a premiação nacional da Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação (Expocom), promovida pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom). O anúncio foi feito durante o 48º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, realizado em Vitória (ES), com a participação de estudantes e pesquisadores de instituições públicas e privadas do país.
A coordenadora do curso, Laura Seligman, destacou que o Projétil e outros projetos de comunicação da UFMS tem se destacado no Expocom nos últimos anos. “Essa visibilidade tem mostrado o caráter social que os alunos e professores do Jornalismo da UFMS imprimem em seu trabalho – temas relevantes e tocantes, que deveriam sempre estar presentes na mídia. As duas edições premiadas são ótimos exemplos: uma sobre detentos, segurança e a privação de liberdade; outra sobre a greve nacional, que foi acompanhada de perto pelos alunos/repórteres numa viagem a Brasília”, afirmou.
“Nossa participação no Intercom já é tradicional e, nos últimos anos, ganhamos muitos incentivos institucionais: transporte rodoviário gratuito para os alunos se deslocarem a outros estados, mesmo que distantes; recursos para apoiar a ida para apresentação dos trabalhos; e mesmo antes, quando os trabalhos são produzidos e o jornal é impresso. Todo o processo conta com apoio financeiro institucional. Neste ano de 2025, inclusive, sediamos o encontro regional, que trouxe pesquisadores e estudantes de toda a região e bateu um recorde histórico com a inscrição de mais de 500 pessoas”, comentou a coordenadora. Mais detalhes sobre a realização do evento da região Centro-Oeste podem ser conferidos aqui.
A partir da simulação do ambiente de uma redação jornalística, os estudantes passam por várias etapas do processo de construção de um jornal, com sugestões de pauta, apuração, redação, edição e diagramação, com a supervisão das professoras Katarini Miguel e Rafaella Peres, que fazem o papel de editoras.
Para a professora Katarini Miguel, o jornal laboratório está entrelaçado com a história do curso de Jornalismo da UFMS e têm atuado com um espaço de experimentação para inúmeros profissionais formados pela Universidade. “Ali a gente consegue trabalhar em equipes grandes, se dividir em editorias. Por mais que isso, hoje, no mercado profissional, não aconteça mais de forma tão estratificada, ali é uma forma de a gente experimentar, da gente evidenciar como eram os processos e, obviamente, que a gente também traz inovações. O projeto hoje não é só o impresso, ele também está na internet, a gente também faz redes sociais, a gente também integra várias mídias ao projeto. Então, de fato, ele impacta a formação, porque é também um momento que os alunos e alunas podem produzir pautas mais aprofundadas, mais investigativas, têm total liberdade para essa produção”, explicou.
Entre os destaques das edições premiadas estão o caderno especial Para que não se esqueça. Para que nunca mais aconteça, relacionado aos 60 anos da ditadura militar no Brasil e seus reflexos em Mato Grosso do Sul; além de reportagens sobre o trabalho análogo à escravidão, fanatismo de torcidas organizadas e o vício em tecnologia, entre outros temas. “A edição 103 é uma edição sobre a greve. No meio da produção do jornal, foi deflagrada a greve da educação […] e os alunos e alunas estavam preocupados com esse movimento. Muitos alunos nem entendiam o que era uma greve, para o que servia a questão da luta trabalhista e a gente achou, por bem, fazer uma edição sobre a própria greve: o que era a greve, o que ela reivindicava, o histórico de greve, a participação de mulheres, a greve dos técnicos, não só de docentes, a greve dos discentes. Então, um caderno muito interessante que pode abordar um pouco dessa questão trabalhista”, comentou a professora Katarini.
“A gente sempre fica muito satisfeita em ter um produto que é tão bonito, que reflete tanto o propósito do curso de Jornalismo e, sobretudo, que os alunos e alunas também têm muito orgulho”, acrescenta.
A professora Rafaella Peres complementou que o jornal carrega a história dos mais de 30 anos do curso e de todos os estudantes que se formaram pela UFMS. “É um trabalho conjunto que exige bastante das equipes de produção e que prevê conectar diferentes possibilidades de comunicação, por isso, me deixa sempre muito feliz ver esse reconhecimento nacional”, pontuou. “Além de uma carga social bastante significativa, o curso e o próprio jornal nascem dessa vontade de enxergar e apresentar de maneira crítica os acontecimentos e as transformações sociais, nós também acreditamos na importância desse espaço de formação e na capacidade das nossas alunas e alunos abrindo, sempre, as produções a partir da perspectiva de um jornalismo consciente do seu entorno. É um dos pouquíssimos jornais laboratórios, ainda, que se mantém em circulação impressa e de maneira ininterrupta”, destacou.
A estudante Fernanda Sá Justo representou a turma na premiação. ” Esse reconhecimento mostra que todo o esforço coletivo valeu a pena, que as horas dedicadas, as ideias trocadas e a dedicação de cada um foram percebidas. O Projétil é mais do que um projeto acadêmico, é uma construção em grupo, com muita troca e aprendizado. Então, estar lá recebendo esse prêmio não foi só sobre mim, mas sobre todos nós”, ressaltou.
“Esse prêmio é fruto de um trabalho coletivo, de pessoas que se apoiaram e acreditaram juntas. […] Acho que esse tipo de reconhecimento mostra que estamos no rumo certo, mas acima de tudo é um incentivo pra continuar produzindo um conteúdo de qualidade ainda na Universidade”, completou.
O jornal está disponível para leitura nesta página.
Texto: Thalia Zortéa
