Começa nesta sexta-feira, 15, a etapa estadual da modalidade prática da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), que integra a Semana da Computação 2025. As atividades são realizadas no Ginásio Moreninho, na Cidade Universitária, até amanhã, 16, com a presença de cerca de 400 alunos e professores de escolas públicas e privadas de 15 municípios de Mato Grosso do Sul. Confira a programação completa neste link.
Criada em 2007, a OBR é o maior evento de robótica da América Latina e busca estimular as carreiras científico-tecnológicas para os alunos da Educação Básica, além de classificar equipes para a RoboCup, maior competição de robótica do mundo. A Olimpíada é dividida em duas etapas: teórica, realizada nas escolas, e prática, que seleciona as equipes do Estado para a etapa nacional, prevista para outubro em Vitória (ES).
A reitora Camila Ítavo participou da cerimônia da abertura da competição e conheceu as equipes. “Eu estou amando o evento, amando todas as modalidades. Descobri hoje que tem também uma competição artística, descobri que tem várias surpresas ali por um grande desafio. E mais ainda, muito feliz por todos estarem aqui na nossa Universidade, fazendo projetos, pensando, estudando e trabalhando na robótica, que é tão importante, não só na competição, mas na vida de todos nós”, comentou.
A diretora da Faculdade de Computação (Facom), Liana Duenha, ressaltou que a programação também beneficia estudantes de graduação envolvidos na organização. “Essa ponte entre a Universidade e a comunidade abre muitos olhos dos nossos alunos, traz para eles um sentimento de voluntariado e de estar participando da formação de crianças, que amanhã serão os nossos alunos. Para mim, faz parte da formação humana e técnica também”, destacou.
O professor da Facom e representante estadual da competição, Amaury de Castro Júnior, reforçou a satisfação da Universidade sediar a etapa local da OBR. “A gente vê cada vez mais as crianças se interessando por esse estudo, por desenvolver essas tecnologias. […] O fato das crianças estarem aqui, ainda que seja um ambiente simulado, já incentiva, já estimula a criança a ter um interesse maior pelo estudo dessas tecnologias, pela utilização ética e adequada dessas tecnologias”, explicou. “A gente também estimula o trabalho em equipes e, obviamente, a gente pretende que esses estudantes um dia estejam aqui na Universidade. Muitos, muitos dos nossos alunos hoje na Faculdade de Computação já foram competidores aqui na OBR”, completou.
Em relação a competição, ele ainda explicou a diferença entre as duas modalidades presentes no Ginásio Moreninho. “A modalidade resgate simula o resgate de vítimas, então o robô autônomo, previamente […] programado e construído para esse fim, tem que superar obstáculos, rampas, desafios dentro de uma arena, seguindo uma linha preta e resgatar vítimas em uma sala fechada de resgate, onde as vítimas são simuladas por bolinhas de isopor. Já a modalidade artística trabalha com cenários, teatro ou dança com robôs, onde humanos e máquinas interagem juntos”, diferenciou o representante estadual.
Destaque em MS
Na última edição, a etapa sul-mato-grossense da OBR levou uma equipe do Estado para as etapas nacional e mundial. A competição internacional Robocup 2025 foi realizada em Salvador, consagrando o time Tech Vikings entre os dez primeiros colocados. Os professores da Escola Sesi Naviraí e técnicos da equipe, Anderson Souza e Fernando Gonçalves, relembram com orgulho a experiência. “É sempre fantástico ver o desenvolvimento das crianças. O nosso trabalho é sempre árduo lá dentro da escola, durante os nossos treinos, motivando eles e ensinando. Muitas dessas crianças nunca tinham visto os kits, a gente apresenta o equipamento, a programação, tudo. A gente dá os primeiros passos, começa ensinando, sabendo um pouquinho mais do que eles, mas é só no comecinho. Depois eles já apresentam lógicas para a gente, códigos, montagens, que aí eles já estão em um nível um pouco acima. Então, a gente só vai orientando. Ver o crescimento deles é fantástico, acompanhar essa caminhada com eles, para gente é realizador, e o nosso papel é fazer essas crianças crescerem cada vez mais”, pontua Souza.
A Tech Vikings se renova anualmente, considerando o ciclo de competições e para que diferentes alunos tenham a experiência da robótica. “Todo ano a gente monta um time para o estadual, de crianças de sexto e sétimo ano, e algumas do Ensino Médio. Se classificarem, vão para o nacional. […] Os que classificam lá vão para o mundial. No outro ano, o nosso time de robótica participou de várias modalidades”, explica Gonçalves. Conforme o professor, ao final da temporada na OBR, os alunos vão competir em outras modalidades e novos grupos são formados com novos alunos. “Fazemos assim para darmos oportunidade para outros alunos da escola participarem, para mais alunos vivenciarem isso que a gente acha muito importante”, complementa Souza.
Segundo Gonçalves, ver os alunos em grandes competições é motivo de realização profissional. “Quando temos um bom resultado, é uma afirmação do nosso trabalho, mostrando que a gente está no caminho certo. Nós não fazemos praticamente nada, eles é quem fazem tudo, mas a gente orienta, está junto, motiva ou a gente chora com eles quando dá errado. […] E a gente tenta fazer essa parte de orientar e tentar estar ali como um elemento de equilíbrio, entre as frustrações e as alegrias deles”, informou.
Para Caio Lorençone, que compôs a equipe junto a José Gabriel Braga, a colocação foi um propósito alcançado. “Aquilo que eu realmente queria muito na competição era entrar dentro do top 10, então quando eu ia treinar eu pensava nessa colocação como uma meta. Foi um significado de dever cumprido, eu fiquei muito feliz com essa classificação e senti que pude terminar a temporada daquele ano com chave de ouro”, afirmou. O aluno conta ainda que na etapa estadual, realizada na UFMS no ano passado, estava um pouco apreensivo. “Eu tinha participado da estadual no ano anterior e nós não conseguimos ir bem na competição. Meu parceiro de equipe estava quase saindo da equipe pela idade, então era algo muito importante para mim”, relembrou.
Caio se interessou pela robótica quando estava no oitavo ano, em 2018. “Vendo a galera de longe, eu já achei algo muito animado e também divertido, em especial, meu irmão estava participando. Mas foi em 2019 que eu entrei na equipe de robótica, na época era Lego Vikings“, revelou.
Expectativas para 2025
Com 14 anos, o competidor Arthur dos Santos Neto relembrou que seu primeiro contato com a robótica surgiu aos oito anos. “Nós estamos com uma expectativa maravilhosa. Muitos juízes estão olhando para o nosso robô, ficando maravilhados. Nós ficamos felizes com isso, porque eles veem o nosso trabalho. […] A gente gosta de ver as pessoas olhando para o nosso robô e ver nosso potencial como mecânicos”, comentou.
A aluna da Escola Sesi de Aparecida do Taboado Bianca Martins contou que está participando da competição pela primeira vez. “A gente sempre tem que estar com o pensamento alto de vencer e estamos trabalhando bastante. Já viemos trabalhando bastante ao longo do ano e a gente está com uma expectativa boa”, disse.
De Ribas do Rio Pardo, Kezia Vicente irá participar com o robô Heihei. “A gente pegou a inspiração de um filme que nós gostamos bastante. Ele [o robô] é da competição da artística e vai dançar conosco, nós estaremos lá apresentando, ele vai estar lá fazendo os movimentos e torcemos para ganhar”, falou.
Texto: Thalia Zortéa e Ariane Comineti
Fotos: Ariane Comineti, Alíria Aristides, Rúbia Pedra e arquivo pessoal dos participantes
















