A partir de uma parceria entre a UFMS e o Governo do Estado, o Observatório da Cidadania de Mato Grosso do Sul promoveu nesta quarta-feira, 30, o lançamento de uma ferramenta inédita no Estado. O recém-criado Painel sobre as Pessoas Idosas em Mato Grosso do Sul reúne números e indicadores sobre a população residente em Mato Grosso do Sul com 60 anos ou mais de forma gratuita e colaborativa. Para conferir a plataforma, clique aqui.
A apresentação do novo painel foi realizada em evento na Pró-Reitoria de Cidadania e Sustentabilidade (Procids), na Cidade Universitária, com a presença do vice-reitor Albert Schiaveto; do secretário-adjunto de Estado da Cidadania (SEC), José Sarmento; do diretor científico da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect-MS), Nalvo Franco Junior; da presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, Irma Macario; e do professor do Instituto de Física e coordenador do Observatório, Samuel de Oliveira. O lançamento da ferramenta teve ainda a participação de servidores, pesquisadores e representantes da sociedade civil.
Estruturado em diferentes seções e relacionando várias temáticas acerca das pessoas com 60 anos ou mais em Mato Grosso do Sul, o novo painel traz números sobre o envelhecimento populacional no Estado; sexo, faixa etária e cor/etnia dos idosos; nível de alfabetização; expectativa de vida, óbitos e taxa de mortalidade; mercado de trabalho e empregabilidade; condições socioeconômicas, como casa própria, aluguel e acesso a saneamento básico; análises epidemiológicas de doenças; principais violações de direitos e o quantitativo de denúncias, entre outras informações. Os dados têm recortes gerais e por municípios.
Tendo como base fontes como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS) e o Disque Direitos Humanos (Disque 100), o Painel sobre as Pessoas Idosas em Mato Grosso do Sul democratiza o acesso a uma compilação de dados interativa e oportuniza que novas ações, pesquisas e os serviços públicos sejam pensados e desenvolvidos às pessoas com 60 anos ou mais, com mais abrangência, diversidade e assertividade dentro do contexto etário regional.
“A gente só aprimora políticas públicas com informações de boa qualidade, que é o caso [do novo painel]. Com esses dados, por exemplo, a gente pode trabalhar com pesquisa dentro da nossa Universidade, essa que é a casa da informação, com os nossos colegas. E é interessante quando a gente pode associar isso aos órgãos públicos, para que eles possam utilizar essas informações para o aprimoramento dessas políticas, para uma melhor atenção à comunidade. Estou muito curioso para conferir esse painel de modo aprofundado, ver todas as informações que ele possa nos trazer, para que a gente também consiga trabalhar com esses dados”, afirmou o vice-reitor.
De acordo com o secretário-adjunto da SEC, o painel desenvolvido pelo Observatório da Cidadania de Mato Grosso do Sul vai render cada vez muitos frutos, aprimorando a situação de pessoas idosas no Estado, independente de cor, raça, religião, sexualidade, gênero e outros aspectos identitários e de diversidade humana. “O Brasil se orgulhava muito de ser um país de população jovem. A grande questão é: as políticas públicas atuais estão adequadas e preparadas para esse crescimento [da população idosa]? Então, esse recorte que o Observatório da Cidadania faz em relação às pessoas idosas aqui no Estado nos mostra o quão delicada é a questão. Por isso, é muito importante mantermos essa parceria com a Universidade, pois a gente não consegue melhorar política pública se não tivermos dados, se não formos conscientes, quer dizer, se não tivermos informações suficientes para que a gente possa extrair dados a fim de melhorar as nossas políticas públicas”, pontuou Sarmento.
Em seu discurso, o diretor científico da Fundect-MS elogiou a iniciativa e esclareceu que os trabalhos do Observatório reúnem ciência, tecnologia e inovação em prol do bem comum. “Temos aqui um recurso público bem aplicado em um projeto de ciência e tecnologia que traz resultados imediatos, que faz a ciência acontecer na forma de dados verificados, coletados por cientistas, por pessoas que têm capacidade. É o fazer ciência e tecnologia para entregar informação, para fazer políticas públicas, para ajudar minorias, para ajudar todas as partes da sociedade que realmente precisam. Isso aqui é verdadeiramente fazer ciência aberta”, comentou.
Já a presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa revelou que este ano é bastante especial, uma vez que estão agendadas conferências dos conselhos estaduais e municipais por todo o país. “[Essa ferramenta] é fundamental, porque nós estamos coletando informações de cidadania, de cidadãos, das pessoas idosas. Tudo isso vai nos ajudar muito. E tem a questão das pesquisas, pois os dados são essenciais para nós. Então, eu quero agradecer muito a oportunidade de nós estarmos reunidos aqui e de sermos alimentados de todas essas informações”, disse Irma.
Apresentação da ferramenta
Após os pronunciamentos, o coordenador do OCMS fez uma palestra sobre o desenvolvimento e as funcionalidades do Painel sobre as Pessoas Idosas em Mato Grosso do Sul, explicando em tempo real como fazer o acesso à plataforma, pontuando os números e os indicadores coletados, esclarecendo dúvidas dos presentes e mostrando as diferentes formas de visualização. Ainda, ele fez um convite para que todos não só compartilhassem a ferramenta, mas também fizessem sugestões e comentários, por meio do formulário on-line disponibilizado na plataforma.
“A ideia do painel é justamente deixar tudo isso mais visível, mais claro para todos aqueles que porventura estiverem interessados nessas informações, reunindo dados que estão distribuídos em diferentes plataformas, muitas delas de difícil acesso e análise. [Com o novo painel], nós reorganizamos [as informações em um só lugar] com foco em nosso Estado”, argumentou Oliveira.
Para o professor, a iniciativa se trata de um projeto elaborado a várias mãos e em constante evolução. “Nós esperamos que, à medida que avançarmos com o trabalho, mais dados, fontes e informações estejam sendo disponibilizados no painel. A ideia é construir uma força-tarefa entre as universidades, o governo e a sociedade civil, para que a gente consiga construir uma realidade cada vez melhor para a nossa população, especificamente para a população 60 anos ou mais”, avaliou.
Criado em outubro de 2024 como um acordo de cooperação técnica entre a UFMS e o Governo do Estado, por meio da SEC e da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), o Observatório visa pactuar o desenvolvimento de pesquisas e ações que objetivam a identificação, o planejamento e o acompanhamento de programas e políticas públicas que contribuam para o desenvolvimento humano, social e econômico da população sul-mato-grossense. Nesses últimos nove meses, outros quatro painéis já foram concebidos e disponibilizados on-line: Cidadania em Números, Evidência da Violência contra às Mulheres, Panorama Racial e Pessoas com Deficiência.
Texto e fotos: Raul Delvizio









