A UFMS será a sede da 15ª Reunião da Conferência das Partes (COP15) da Convenção sobre a Conservação de Espécies Migratórias de Animais Silvestres (CMS). O evento será realizado de 23 a 29 de março de 2026 em Campo Grande e reunirá representantes de 133 países da África, América, Ásia, Europa e Oceania; pesquisadores; comunidades tradicionais; e a sociedade civil para debater estratégias de preservação da biodiversidade global.
A reitora Camila Ítavo celebrou a escolha da UFMS como sede do evento. “Estamos orgulhosos da nossa Universidade ser escolhida para receber este importante evento para Mato Grosso do Sul e o país e contamos com as parcerias com o governo federal, governo do estado e a Prefeitura de Campo Grande para realizar uma excelente conferência e mostrarmos ao mundo o nosso compromisso com a riqueza da fauna e da flora da nossa região”, disse. Para a reitora, será uma oportunidade ímpar de participação para pesquisadores e estudantes de todos os cursos da Universidade.
A convenção é um tratado ambiental das Nações Unidas, que entrou em vigor em 1979, com a participação de governos e especialistas para abordar as necessidades de conservação de espécies migratórias terrestres, aquáticas e aviárias e seus habitats ao redor do mundo. A COP é o principal órgão decisório da CMS e se reúne uma vez a cada três anos para definir o orçamento e as prioridades do próximo triênio.
“Sediar a COP 15 da Convenção sobre Espécies Migratórias em Campo Grande reforça o compromisso do Brasil com a proteção da biodiversidade por meio da preservação da fauna silvestre migratória. O Pantanal, um dos biomas mais ricos e vibrantes do mundo, será o cenário ideal para esse diálogo internacional sobre conservação e desenvolvimento sustentável”, destaca a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. “É uma grande honra receber essa conferência e estamos determinados a avançar em políticas eficazes para garantir que as futuras gerações usufruam das belezas e imensa diversidade dessa parte tão fascinante da natureza. Nessa conjuntura de instabilidade no multilateralismo, reforço o firme intuito do Brasil de tecer um futuro sustentável, justo e inclusivo, e conclamo a todos a tornar a COP15 no Pantanal um evento exitoso”, enfatiza.
Para o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, a escolha de Campo Grande reforça o protagonismo do estado na conservação ambiental, especialmente em uma região que abriga parte do Pantanal, a maior planície alagável do planeta. “Essa COP atrai cerca de 130 países e provavelmente de 4 a 5 mil pessoas. Foi uma articulação do Ministério do Meio Ambiente, que indicou Mato Grosso do Sul para fazer a recepção dessa COP, baseado nas políticas ambientais já estabelecidas em nosso Estado”, informa.
Espécies migratórias
O Brasil, parte do CMS desde 2015, é o país com maior biodiversidade do mundo. Inúmeras espécies de animais migratórios dependem dos habitats brasileiros para sua sobrevivência, seja para reprodução, alimentação ou como locais de parada em suas jornadas.
As espécies migratórias atravessam grandes distâncias através de ecossistemas, desempenhando um papel crucial na manutenção da biodiversidade e do equilíbrio ecológico. Além de seu valor intrínseco, essas espécies são indicadores de saúde ambiental e são essenciais para o funcionamento de habitats. Elas fornecem serviços ecossistêmicos como sequestro de carbono, polinização, dispersão de sementes, controle de pragas e doenças e ciclagem de nutrientes, que dão suporte à resiliência e produtividade geral do ecossistema. Da mesma forma, também fornecem benefícios econômicos a povos indígenas e comunidades locais por meio do ecoturismo e da disponibilidade de alimentos.
“Animais migratórios conectam o planeta, cruzando continentes, oceanos e céus em jornadas incríveis a cada ano, mas eles estão enfrentando pressões sem precedentes. A CMS COP15 em Campo Grande é uma oportunidade para fortalecer a cooperação internacional e adotar medidas transformadoras que garantirão o futuro das espécies migratórias e seus ecossistemas vitais”, afirma a secretária-executiva da CMS, Amy Fraenkel.
Agenda de discussões
A COP15 será uma oportunidade para aprofundar discussões sobre a proteção das espécies e enfrentar desafios como perda de habitat, exploração ilegal e mudanças climáticas, além de fortalecer a implementação de políticas públicas voltadas à proteção da fauna migratória no Brasil.
Entre os temas em pauta estão os compromissos e declarações políticas de alto nível; o fortalecimento da conservação global e coordenada para espécies migratórias; a implementação de ações de conservação direcionadas; o combate à captura ilegal e enfrentamento da superexploração de espécies e seus habitats; a melhora da conectividade ecológica para garantir a segurança dos corredores migratórios; a avaliação do progresso e impulsionamento do Plano Estratégico de Samarcanda (2024–2032); a ampliação da conservação específica de espécies, como a iniciativa da CMS para a conservação da onça-pintada; o enfrentamento dos desafios globais como o combate à mudança do clima, perda de habitats, propagação de espécies exóticas invasoras, ameaças à saúde da vida silvestre e aos impactos da poluição e da infraestrutura de energia renovável sobre as espécies migratórias; e a promoção da cooperação global com acordos ambientais multilaterais, como a Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies Silvestres Ameaçadas de Extinção, a Convenção Sobre Diversidade Biológica e a Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional.
Confira o anúncio abaixo e veja mais informações sobre o evento em cms.int/en/cop15.
Texto: Thalia Zortéa, com informações da Assessoria de Comunicação da Convenção sobre a Conservação de Espécies Migratórias de Animais Silvestres, do Meio Ambiente e Mudança do Clima e do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul