Serviço da Farmácia Escola de assistência a portadores de Esclerose Múltipla é publicado em revista internacional

Diferenciado, o serviço de assistência farmacêutica aos portadores de Esclerose Múltipla oferecido pela Farmácia Escola Professora Ana Maria Cervantes Baraza (Facfan) foi detalhado e publicado como artigo científico na Revista Internacional da Editora The Canadian Center of Science and Education “Global Journal of Health Science”.

Autoimune, neurodegenerativa, crônica e ainda sem cura, a Esclerose Múltipla exige dos portadores o uso contínuo do medicamento para impedir a progressão da doença, reduzir taxas de surtos e recaídas e há seis anos a Farmácia Escola é referência a partir do foco nos pacientes, indo muito além do registro e da dispensação de medicamentos para o tratamento da doença, serviços pela qual é responsável em Campo Grande.

Assinam o artigo as farmacêuticas Cristiane Munaretto Ferreira, Erica Freire Vasconcelos Pereira, Vanessa Marcon de Oliveira e Vanessa Terezinha Gubert de Matos, a aluna do programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas Liliane Bernardes Campos e as professoras Maria Tereza Ferreira Duenhas Monreal (coordenadora da Farmácia Escola) e Mônica Cristina Toffoli Kadri.

“Nesse centro, todos os pacientes recebem orientação farmacêutica sobre a administração de medicamentos injetáveis ​​e orais; o armazenamento, preservação e transporte de medicamentos refrigerados; e informações sobre a doença e tratamento de reações adversas. Os serviços de farmácia clínica também estão disponíveis para pacientes em um consultório farmacêutico, garantindo a privacidade e o conforto do paciente e possibilitando a criação de um vínculo com o farmacêutico. O modelo de atenção da Farmácia Escola permite o desenvolvimento da assistência farmacêutica, estimula o uso racional de medicamentos e enfatiza a importância do autocuidado, da adesão à terapêutica e da corresponsabilidade do paciente e de sua família”, explica a farmacêutica Vanessa Terezinha Gubert de Matos.

A proposta é apresentar o funcionamento de um novo modelo de atendimento aos pacientes portadores da doença por meio de sistema público de saúde no Brasil, diante da grande diversidade de tratamentos disponibilizados, com financiamento e dispensação em diferentes países.

“Acreditamos que o modelo de atendimento realizado pela Farmácia Escola possibilita o desenvolvimento de serviço farmacêutico aplicado aos portadores de Esclerose Múltipla, cujo foco do atendimento é centrado no paciente e não no medicamento. Esperamos que a experiência relatada pode ser utilizada como referência para implantação de serviços similares”, diz a farmacêutica Vanessa Marcon de Oliveira.

Dada a importância do aconselhamento ao paciente, os serviços prestados atuam como uma estratégia de fomento ao uso racional de medicamentos, que está fortemente respaldada pela atuação do farmacêutico junto ao paciente, familiares e equipe de saúde, completa Vanessa de Matos.

“É necessário propor mudanças no estilo de vida de forma compensatória e motivacional. Essas intervenções são realizadas sistematicamente nas consultas para permitir que os pacientes enfrentem as dificuldades do dia a dia e se sintam mais otimistas quanto a continuidade do tratamento. O acompanhamento farmacoterapêutico, a busca ativa de pacientes em atraso e a dispensação mensal de medicamentos fortalecem o vínculo entre o paciente e o farmacêutico, o que contribui para a adesão ao tratamento. A padronização do processo de acompanhamento farmacoterapêutico é fundamental para a obtenção de indicadores e resultados clínicos, humanísticos e econômicos concretos, que devem ser continuamente avaliados para a melhoria do serviço”, expõe.

Hoje são cadastrados na farmácia escola 161 pacientes portadores de Esclerose Múltipla, sendo aproximadamente 85% atendidos pela rede pública de saúde.

“Possuímos facilidade na comunicação entre os profissionais prescritores em modelo de referência e contrarreferência para encaminhamentos e com a equipe de enfermagem responsável pela administração endovenosa de terapia com medicamento imunossupressor e corticoterapia; assim o serviço prestado torna-se estratégia de fomento ao uso racional de medicamentos, pois se apoia firmemente na atuação do farmacêutico junto ao paciente e à equipe de saúde”, afirma Vanessa de Oliveira.

De acordo com as profissionais, são oferecidos aos pacientes serviços clínicos farmacêuticos, cujo atendimento é realizado em sala da própria Farmácia Escola, estruturada exclusivamente para este fim, configurando consultório farmacêutico, garantindo privacidade e conforto ao paciente.

“O processo de seguimento aplicado pelo farmacêutico durante as consultas compõe-se de convite aos pacientes, entrevista clínica inicial, avaliação farmacêutica, plano de cuidado e intervenções farmacêuticas e fechamento e monitoramento conforme Protocolo Clinico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Ministério da Saúde para tratamento da esclerose múltipla. Os retornos seguem o mesmo desenho e a necessidade clínica individualizada de cada paciente”, detalha Vanessa de Oliveira.

Esclerose Múltipla

Doença que mais incapacita adultos jovens no mundo, a Esclerose Múltipla é mais prevalente entre a idade de 15 a 45 anos. Na América do Norte e Europa, a prevalência dessa doença é alarmante, mas no Brasil acredita-se que há 40 mil portadores, número que traz reflexões quanto a possibilidade de existência de subdiagnóstico.

Por um processo autoimune, as pessoas que tem a doença começam a destruir a própria Bainha de Mielina, o que inicia um processo inflamatório e causa lesões.

Não existem sintomas exclusivos. Os mais comuns são diminuição da acuidade visual (visão embaçada, meio turva), fadiga, parestesias (são sensações cutâneas subjetivas, como frio, calor, formigamento, pressão e outras que são vivenciadas espontaneamente na ausência de estimulação) e/ou paresias (paralisia incompleta ou diminuição da motricidade) que em geral acometem a capacidade motora, como dificuldade para andar, pegar objetos e até falar.

Quanto mais cedo houver o diagnóstico, melhor, porque o tratamento evita a progressão da doença e consequentes danos. A doença pode se manifestar em remissão e recorrência, muitas vezes os primeiros sintomas aparecem na fase mais jovem, mas o diagnóstico é tardio, principalmente porque o exame que melhor auxilia o médico no diagnóstico da doença – ressonância magnética – é pouco realizado pelo alto custo.

O artigo “Pharmaceutical Service for Multiple Sclerosis Carriers in Brazil: A State Model” pode ser conferido na íntegra em: http://www.ccsenet.org/journal/index.php/gjhs/article/view/0/44013

Texto: Paula Pimenta