Pesquisadores publicam dados sobre atropelamento de aves e répteis na região do Pantanal

De 1996 a 2000 pesquisadores da UFMS monitoraram os atropelamentos de répteis e aves na BR 262, no trecho que liga Campo Grande a Corumbá em Mato Grosso do Sul. Os dados foram recém publicados na CheckList, na Eurekalert e em diversos outros sites internacionais de divulgação cientifica. O histórico da pesquisa acabou sendo noticiado também pelo New York Times.

Ao todo foram registrados 930 acontecimentos, envolvendo 29 espécies de répteis e 47 espécies de aves. As informações foram levantadas pelo Doutor em Ecologia e Conservação Wagner Fischer, pela Engenheira Ambiental Raquel Faria de Godoi e pelo professor da Universidade, Antonio Conceição Paranhos Filho.

Fotos: Wagner Fischer

“A BR-262 mantém sua fama inglória como uma ‘estrada para o inferno’ para vidas humanas e selvagens”, destaca Wagner, que explica que, apesar de os dados terem sido usados como guia pelos gestores governamentais para propostas de intervenção do programa “Estrada Viva: BR 262”, o impacto crônico e de longo prazo continua tanto para a vida selvagem quanto para a segurança na estrada.

“Para os gestores, o principal objetivo deve ser determinar as espécies-alvo de maior preocupação, concentrando-se naquelas vulneráveis ​​à extinção local ou naquelas que representam grandes riscos de acidentes graves”, aponta a pesquisa. O estudo foi inédito e trouxe como diferenciais o primeiro registro de atropelamento de um gavião-pato (Spizaetus melanoleucus) e, ainda, o primeiro registro geográfico regional da cobra colubrídea Hydrodynastes bicinctus.

Fotos: Ricardo Fraga e Wagner Fischer

Outras pesquisas realizadas posteriormente no mesmo trecho da estrada, tanto pela Universidade como por outras instituições, encontraram números de atropelamentos de répteis, aves e de outras classes de animais igualmente alarmantes. Agora que os dados desse estudo foram publicados os pesquisadores poderão realizar comparações na busca por caminhos para a diminuição das perdas para a biodiversidade e para a segurança humana, conforme já previa o documento do programa Estrada Viva: BR-262, oriundo da UFMS.

 

 

Texto: Ariane Comineti