Pesquisadora formada na UFMS é premiada pelo Santander Universities Award

Andrea no Alto da Bacia do Rio Xingu, MT

Formada em Ciências Biológicas (2009) pela UFMS, a doutoranda no Programa de Pós-Graduação Interunidades de Ecologia Aplicada (CENA/ESALQ/USP) Andrea Santos Garcia foi uma das 15 pesquisadoras escolhidas no mundo para receber o Santander Universities Award.

O prêmio concedido pela Fundação Santander consiste em uma semana de mobilidade para o Doctoral College/University of Surrey (Reino Unido), no qual dois dias são dedicados a uma conferência. De acordo com a Universidade, esse ano foram quase 400 doutorandos inscritos e 15 premiados para o tema “Grandes Desafios da Universidade: Unindo Culturas de Pesquisa”, que enfatiza o diálogo entre as diferentes áreas de pesquisa.

“Ainda, o interessante é que a proposta desses eventos não são necessariamente discutir projetos e resultados já finalizados, mas sim discutir os processos de pesquisa dos doutorandos em si”, diz Andrea.

O grupo de pesquisa do qual a doutoranda faz parte está inserido em um grande projeto financiado pelo BELMONT FORUM, FAPESP e outras instituições: “XINGU Project – Integrating land use planning and water governance in Amazonia: towards improved freshwater security in the agricultural frontier of Mato Grosso“.

Tal projeto trata sobre a segurança hídrica na região das cabeceiras do rio Xingu e conta com um time interdisciplinar para seu desenvolvimento, entre eles biólogos, engenheiros agrônomos e florestais, antropólogos, advogados, jornalistas, gestores e cientistas do alimento.

“Quando recebi o e-mail da Pró-reitoria da USP para me inscrever, achei o tema muito coerente com a temática na qual estou inserida ultimamente. O meu projeto de doutorado “Dinâmica do uso da terra e da cobertura da terra na fronteira agrícola da Amazônia brasileira: forças motrizes de mudanças e cenários futuros”, o qual foi o tema para a inscrição nesse prêmio, faz parte deste projeto temático maior. Meu doutoramento, assim como a temática do prêmio, também tem caráter interdisciplinar”, explica a doutoranda, que desenvolve sua pesquisa no Laboratório de Análises Ambientais e Geoprocessamento do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (USP).

Para desenvolver seu plano de pesquisa, ela precisou de um conhecimento profundo de geoprocessamento e ecologia da paisagem. “Mas também preciso ser flexível de forma a linkar os produtos dessas disciplinas com temáticas socioeconomicas, manejo e de tomada de decisão. Adicionalmente, o estudo sobre o uso da terra fornece uma base em comum entre outras pesquisas desenvolvidas por pesquisadores do grupo”.

Pela grande concorrência, a doutoranda afirma que ficou surpresa ao ser escolhida. “Foi quase um susto quando recebi a notificação! Com certeza isso é o reconhecimento de um esforço muito maior do que o meu sozinha. É um esforço coletivo que começa desde a graduação na UFMS, onde desde então já me interessava mais por abordagens interdisciplinares do que as ‘hard science‘. Por mais que a universidade não mostrasse esse caminho interdisciplinar de forma explícita, professoras com quem trabalhei de forma mais próxima, como a professora Angela Satori, nunca se opuseram às minhas tentativas de abordagem não usuais. Ainda me lembro como achei fantástico quando em 2007 vi uma apresentação trazida da UFPR pela professora Yvelise Possiede sobre um trabalho que unia marcadores genéticos e ferramentas de geoprocessamento com objetivo de investigar importantes padrões para conservação de espécies. Tal abordagem foi o centro do mestrado que desenvolvi na USP, nos mesmo PPG interdisciplinar no qual estou fazendo o doutorado”, diz.