Pesquisa pretende apresentar solução para diminuir emissão de carbono e metano pela agropecuária

Estudo coordenado por professor do Instituto de Física também conta com participação de profissionais da iniciativa privada

Eletro (foto) conversor escalável de metano e CO2 para pecuária limpa (Fotopec) é o título da pesquisa coordenada pelo professor do Instituto de Física (Infi) Cauê Martins que tem como objetivo produzir um dispositivo capaz de contribuir para a redução da emissão dos dois principais gases causadores do efeito estufa.

“A principal motivação veio da demanda imediata ambiental pelo balanço adequado de carbono. Esse projeto visa a captura e conversão de metano e CO2, que são os dois gases principais que intensificam o efeito estufa. Existe um interesse acadêmico no desenvolvimento de novos materiais avançados e também socioambiental no que diz respeito aos Objetivos de Desenvolvimento Susntetável (ODS) e a Agenda ESG que todos precisamos nos adequar para essa década”, fala Cauê.

Professor Cauê e reitor Turine durante a assinatura do convênio com a Fundect

O estudo foi um dos contemplados com recursos no edital MS Carbono Neutro da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (Fundect). “O projeto é bastante complexo e envolve desde o desenvolvimento de materiais capazes de fotoeletrooxidar metano e fotoeletroreduzir CO2, ou seja, de converter os dois gases em compostos líquidos, na presença de luz solar. Essa é a primeira etapa”, explica o coordenador.

“A etapa seguinte é desenvolver um produto mínimo viável em escala de bancada que funcione com gases artificiais”, completa Cauê. De acordo com o professor do Infi, a última etapa seria desenvolver o próprio dispositivo. “Inicialmente desenhamos espécies de torres de captura dos dois gases. No entanto, isso pode ser adaptado de acordo com o meio de aplicação. Se for uma pecuária intensiva, por exemplo, isso pode ser utilizado no teto do ambiente. Se for um silo de secagem de milho, também no teto. Em um ambiente um pouco mais aberto, precisamos dimensionar insufladores adequados para esse tipo de aplicação”, fala.

Segundo Cauê, até o momento, o grupo composto por professores, técnicos e estudantes da UFMS, além de profissionais da iniciativa privada, já desenvolveu alguns materiais. “Estamos na fase de importação, de compra de alguns equipamentos”, diz. Ele conta que os envolvidos no projeto são: os professores do Infi: Heberton Wender, Anderson Caires, Além-mar Gonçalves e técnico do Infi Luiz Plaça Vargas; o professor do Instituto de Química Giuseppe Camara; o professor da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia Edson Batista; além do CEO da Nexsolar em MS Felipe Oliveira Araujo; do coordenador de projetos da Egelte Engenharia Vinícius Martins; e do administrador Alexandre Santos.

“A expectativa é formar recursos humanos e desenvolver um dispositivo que tem um apelo socioambiental e que seja monetizável para que nossos estudantes possam fazer parte do setor produtivo, transformando o trabalho em uma startup, ou até mesmo que integrem uma empresa que passe a vender esse dispositivo”, destaca o coordenador da pesquisa. Sobre a criação de uma empresa emergente, o professor revela que o primeiro passo já foi dado, inclusive. “Acabamos de aprovar a abertura de uma startup via Sisfóton, que se chama FotoGGE. Já temos alguns resultados de bancada em relação aos materiais já utilizados. Mas, estamos nas fases iniciais”, reforça.

Outros Projetos

Além do projeto coordenado pelo professor Cauê, foram contemplados pelo edital MS Carbono Neutro da Fundect os estudos sobre: Modelagem preditiva de serviços ecossistêmicos gerados pelo estoque e sequestro de carbono no estado de Mato Grosso do Sul, do pesquisador do Câmpus de Três Lagoas Vítor Matheus Bacani; Impactos de emissões antropogênicas da região de Campo Grande-MS na poluição atmosférica e no aumento de Gases do Efeito Estufa, do pesquisador do Infi Vinícius Buscioli Capistrano; Balanço de carbono nos biomas de Mato Grosso do Sul: fontes e sumidouros utilizando sensores remotos e modelagem futura, do pesquisador do Câmpus de Chapadão do Sul Paulo Eduardo Teodoro; Tratamento de esgotos com microalgas: demonstração de um processo integrado convertendo esgotos em recursos, do pesquisador da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia (Faeng) Marc Árpád Boncz, da UFMS; Laboratório de Bioeconomia Sustentável para o Estado de Mato Grosso do Sul, do pesquisador da Escola de Administração e Negócios José Carlos de Jesus Lopes; e Inteligência artificial e sensoriamento remoto aplicados no monitoramento do estoque de carbono e emissão de CO2 por incêndios, do pesquisador da Faeng José Marcato Júnior.

 

Texto: Vanessa Amin

Imagem: Acervo dos pesquisadores / Foto: Marcelo Calazans