Pesquisa contribui para novo método de dimensionamento de pavimentos no Brasil

Como parte dos projetos de pesquisa para recalibrar o novo método de dimensionamento de pavimentos (MeDiNa – Método de Dimensionamento Nacional), o Laboratório de Mecânica dos Solos da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia (Faeng) realizou coleta de materiais em Mato Grosso do Sul e inicia estudos a partir de acordo de Cooperação Técnica com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT-SR/MS) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ).

Os resultados da pesquisa serão utilizados pela Petrobras, por meio da Rede de Tecnologia em Asfalto, responsável por recalibrar o novo método de dimensionamento de pavimentos no Brasil.

Inserida nesta Rede, a UFMS desenvolve com a UFRJ um plano interlaboratorial (PIL) para estudos de diferentes misturas granulares e misturas asfálticas das camadas do pavimento na região.

“Duas toneladas de solo e agregados, além de ligante asfáltico e pó de pedra estão sendo enviados para a UFRJ. Iremos realizar os estudos na UFMS também para depois termos parâmetros de comparação”, explica o professor da Faeng Daniel Anijar de Matos, coordenador da pesquisa.

O país inteiro estará fornecendo os dados para a Petrobras para que a partir de um sistema de calibração venha a surgir um novo método de dimensionamento tipicamente nacional, que irá mudar totalmente, segundo o professor, a concepção do projeto de engenharia de pavimento no Brasil.

Com a nova calibração, o pavimento no Brasil, que é constituído de diversas camadas – revestimento asfáltico, base, sub-base, e subleito, que é o terreno natural – com espessuras diferenciadas dimensionadas por certos fatores, sendo uma adaptação do modelo americano, passará a ter outros parâmetros e ensaios.

Para a pesquisa foram selecionados dois trechos experimentais (com extensão de aproximadamente 500 m cada) com previsão de execução em 2020 na BR-419/MS, considerado importante polo econômico em Mato Grosso do Sul.

A BR-419/MS é um sub-trecho entre os municípios de Rio Verde de Mato Grosso e Anastácio, com extensão total de 224 quilômetros. A obra foi particionada em quatro lotes.

“O estudo foi realizado no Lote 1, segmento entre a BR-163/MS e entroncamento com a Com MS-080 (Rio Negro). Dentre os quatro lotes, este é o que se encontra com as obras mais avançadas. A BR 419/MS é um importante polo de desenvolvimento econômico, pois liga a BR-262/MS, na região de Aquidauana – a 135 km de Campo Grande – com o norte do Estado, e tende a ser uma das rodovias canalizadoras para o corredor bioceânico”, afirma o professor.

Na pavimentação, os pesquisadores pretendem utilizar novas tecnologias, como asfalto-borracha, por exemplo. Após a aplicação dos experimentos, serão retiradas amostras para fazer ensaios e acompanhar o desenvolvimento do pavimento ao longo do tempo. No primeiro ano, o asfalto será monitorado mensalmente e depois anualmente até completar cinco anos. “Essa análise nunca foi realizada no Estado”, completa Daniel.

O pavimento flexível existente nas rodovias deveria durar em torno de cinco anos sem manutenção, mas durante esse período é preciso que seja realizado frequentemente o acompanhamento de algumas patologias, como trincas e fissuras que se não controladas de início dão vida aos buracos.

No Brasil, o modo rodoviário é responsável por cerca de 60% da movimentação de cargas e 95% da de passageiros.

Campo Grande

No último mês de agosto foi lançado o primeiro módulo do Manual de Manutenção de Pavimentos, resultado do convênio entre a UFMS, a Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura (Fapec) e a Prefeitura Municipal de Campo Grande.

O objetivo do manual é padronizar e normatizar as questões relacionadas à malha asfáltica da cidade, criando um padrão de qualidade nos serviços realizados.

“Um dos preceitos iniciais da Prefeitura era essa questão de não conseguir padronizar os procedimentos executivos e de materiais de manutenção de pavimentos, então nós realizamos esse manual com o objetivo de consolidar um modelo para que, em futuras licitações da Prefeitura, as empreiteiras possam seguir. Serão vários fatores que elas vão ter que seguir e tem sugestões também, mas sempre amparado por normativas, para que a gente possa deixar o pavimento com maior qualidade e durabilidade”, explica o professor Daniel.

Segundo o secretário municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, Rudi Fiorese, este tipo de convênio é benéfico por juntar os conhecimentos e experiências dos pesquisadores da Universidade com os conhecimentos e experiências dos profissionais da Prefeitura.

 “Queremos melhorar o serviço que estamos fazendo, desde o controle da qualidade da massa asfáltica utilizada aos reparos que são feitos, o recapeamento, a execução da pavimentação nova… E com esse conhecimento da Universidade, podemos produzir normas e manuais que orientem a todos fazerem cada vez mais um produto de melhor qualidade”, afirma.

Segundo o professor Daniel, este é o primeiro passo, pois haverá também um manual que normatizará os materiais usados na pavimentação da capital.

Paula Pimenta e Leticia Bueno