Professores Ana Beatriz Pegorare e Daniel Nunes (ao meio) e o mestrando Ygor Thiago (à direita), em cirurgia de lipoabdominoplastia

Manual ensina práticas e condutas em Fisioterapia Dermatofuncional

Sendo o Brasil um dos países com maiores índices de cirurgia plástica no mundo, procedimentos fisioterápicos pré e pós-operatórios podem trazer ganhos significativos aos pacientes, que cada dia mais aumentam as estatísticas na área.

Nessa linha, está sendo lançado o “Manual de Práticas e Condutas em Fisioterapia Dermatofuncional”, uma das propostas aprovadas no edital para a produção de materiais inovadores de divulgação técnico-científica de temas de impacto social relacionados aos projetos de pesquisa desenvolvidos nos programas de pós-graduação (PPGs) da UFMS. Essa é uma ação da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propp) e da Agência de Comunicação Social e Científica (Agecom).

Esse Manual foi contemplado pelo Programa de Pós-graduação em Ciências do Movimento da UFMS, que recebe estudantes das áreas de Fisioterapia, Educação Física, Terapia Ocupacional e Fonoaudiologia. A publicação será voltada aos fisioterapeutas, especialmente, os que atuam ou pretendem atuar na área dermatofuncional.

“A dermatofuncional é uma área em que a fisioterapia atua no sistema tegumentar, que é a pele e os anexos, e isso gera muitas controvérsias. Esperamos que com o Manual os fisioterapeutas possam estar mais capacitados para atuar na área e o público externo possa conhecer melhor a dermatofisioterapia”, explica a professora Ana Beatriz Gomes de Souza Pegorare, do Programa de Pós-graduação em Ciências do Movimento.

Para a produção do Manual, foram convidados 15 professores, de diversas partes do Brasil. Essa é uma das áreas em que há muito pouco publicação na área, segundo a professora Ana Beatriz.

“Quando se fala em pele, às vezes até estética, há muitas pessoas que vendem cursos pós-operatórios, mas sem comprovação cientifica. Convidamos para a produção do Manual pessoas que têm expertise na área. Teremos capítulos sobre ética, marketing, precificação, registro fotográfico (como deve ser feito), fisiologia, fisiopatologias e capítulos de cirurgias plásticas específicas (face, abdômen, etc)”, diz a coordenadora da publicação.

Em formato e-book, o Manual, em breve, terá livre acesso no site da UFMS, estando disponível para download. Essa publicação tem parceria com a Associação Brasileira de Fisioterapia Dermartofuncional (Abrafidef) e será divulgada no Congresso Brasileiro promovido pela instituição em maio deste ano.

Pré e pós

O tema é tratado no Manual com base em evidências cientificas, na prática clínica e experiência dos profissionais envolvidos.

“Há muitas dificuldades para o fisioterapeuta atuar no pós-operatório e se a pessoa não souber atuar corretamente vai prejudicar o paciente. Por isso, os fisioterapeutas precisam buscar a qualificação necessária. E esse vai ser mais um livro que vai estar embasando esses profissionais na atuação”, garante Ana Beatriz.

A professora explica que a cirurgia plástica é um trauma ao tecido, com o corte, a incisão cirúrgica. No pós-operatório, o paciente deve desenvolver dor e edema (inchaço), acúmulo de liquido, roxo na pele. O organismo tende a ter a sua recuperação natural, mas com a fisioterapia essa recuperação é otimizada muitas vezes.

“Se eu atender uma pessoa no intraoperatório, ainda no centro cirúrgico, logo após a cirurgia plástica, já no quarto dia, quando do retorno ao médico, esse paciente já não terá mais nenhum roxo. O fisioterapeuta com expertise consegue que o paciente não tenha complicações, como uma fibrose, por exemplo. Há redução de dor, desconforto e edema”.

O professor Daniel Nunes (Famed), um dos autores do livro, preconiza a fisioterapia no pré-operatório da cirurgia plástica. “É possível ver na prática que quem faz o preparo fisioterapêutico pré-operatório chega à cirurgia com uma pela mais hidratada, com mais condição de ser operado, e acaba tendo uma recuperação mais rápida. Ele também preconiza a fisioterapia dentro do centro cirúrgico, com a aplicação do taping (fita elástica compressiva) para a redução das equimoses, do edema”.

Por isso, é importante que os fisioterapeutas estejam atualizados, afirma Ana Beatriz, porque desta forma os médicos terão a confiança para encaminhar seus pacientes e colocar os fisioterapeutas dentro dos centros cirúrgicos.

Texto: Paula Pimenta