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Jovem inventor que realizou pesquisa na UFMS ganha destaque

Gabriel Tiago Galdino era aluno do ensino fundamental quando decidiu, junto ao professor Adilson Beatriz do curso de Química da UFMS, desenvolver um produto que auxiliasse no combate à dengue. A pesquisa, iniciada em 2010 por meio do Programa de Iniciação Científica Júnior (PIBIC JR/FUNDECT), rendeu além do produto vários prêmios, e mais recentemente destaque nacional, num quadro do programa Caldeirão do Huck.

O pesquisador desenvolveu um produto a partir de um líquido extraído da castanha de caju que atua contra as larvas de mosquitos do gênero Aedes. Para o professor Adilson a visibilidade do projeto veio não só da importância do produto no combate ao transmissor de doenças tão sérias, mas também da competência do aluno em desenvolver e apresentar suas pesquisas e resultados. “Orientar o Gabriel foi tranquilo porque ele sempre foi estudioso e persistente, ele respondia muito bem ao que pedíamos nas orientações e inclusive fazia relatórios surpreendentes para um menino da idade dele à época”, comentou. Gabriel Galdino recebeu do programa Caldeirão do Huck o título de Jovem Inventor.

g2Programa de Iniciação Científica Jr-MS – Implementado em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, o Programa de Bolsas de Iniciação Científica Júnior em Mato Grosso do Sul (PIBICJr-MS) tem como objetivo despertar a vocação científica e incentivar talentos potenciais entre estudantes do ensino fundamental, profissionalizante e médio da rede pública (estadual ou municipal) mediante sua participação em atividades de pesquisa, extensão tecnológica e de inovação, sob a orientação de pesquisador qualificado das Universidades e Centros de Pesquisa de Mato Grosso do Sul.

Adilson Beatriz do curso de Química da Universidade conta que ficou um pouco preocupado quando soube que iria orientar um estudante do ensino médio. “Não sabia muito bem que projeto ele poderia desenvolver, sendo o mais novo em um laboratório que recebe acadêmicos de graduação, mestrado e doutorado, mas a orientação foi tranquila. Decidimos fazer um trabalho mais simples, mas que desse um bom resultado para a sociedade. Tínhamos outros estudos na área com o líquido da castanha de caju, mas nunca havíamos pensado em utilizá-lo de tal maneira”, lembrou o professor orientador.

A pesquisa Intitulado “Síntese de sais surfactantes a partir do líquido da castanha-de-caju utilizados no combate à dengue”, o projeto teve como objetivo o desenvolvimento de surfactantes (sabões ou tensoativos) a partir do óleo de mamona e do líquido da casca da castanha-de-caju (LCC) que atuam contra larvas de mosquitos do gênero Aedes.

Durante o primeiro ano da pesquisa, que durou de 2010 a 2012, o aluno fez a revisão bibliográfica. “O primeiro ano foi de muitos estudos, buscamos e avaliamos um composto com o PH ideal para matar as larvas. O óleo de mamona também tinha, mas decidimos pelo líquido da castanha de caju. No início de 2012 comecei os testes com o larvicida e obtivemos resultados rápidos. Alcançamos a mortalidade de 97.5% das larvas com uma concentração de 0,2mg/L, sem perder as características da água que é o condutor”, explicou Gabriel. O produto a que chegaram é um sal surfactante.

Alguns pesquisadores e outra aluna de iniciação auxiliaram Gabriel durante toda a pesquisa. Felícia Megumi Ito, que na época era doutoranda em Química e hoje professora do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), ajudou o aluno com a síntese, o acompanhou no laboratório e também em um dos eventos nos quais Gabriel apresentou a pesquisa. O professor do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Antônio Pancracio de Souza acompanhou e orientou os testes com o larvicida e a aluna Aline Gavilan Villaba, também do PIBIC JR, auxiliou nos testes com o larvicida e na finalização do projeto.

Premiações – O projeto foi inscrito na primeira Feira de Tecnologias, Engenharias e Ciências de Mato Grosso do Sul (FETEC MS) já em 2011. As pesquisas estavam apenas no início, sem a conclusão de um produto, mas enquanto passava pela avaliação inicial do evento, o aluno foi convidado para apresentar o projeto e representar o estado na Feira Ciência Jovem, em Pernambuco. Neste primeiro evento pudemos ter uma ideia de como estava nosso projeto em relação aos outros, fiquei mais tranquilo para participar de outros eventos, relatou Gabriel.g3

Em março de 2012 o projeto foi apresentado na 10ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE), a maior feira do gênero do Brasil. A pesquisa recebeu do Centro Paula Souza o título de menção honrosa e o aluno ganhou um tablet. Ao longo de 2012 Gabriel desenvolveu mais surfactantes em diversas concentrações e em outubro participou da II FETEC MS. O resultado foi o 3º lugar na categoria Ciências Exatas e da Terra e um convite para participar novamente da FEBRACE, que foi realizada no início de 2013.

Na feira nacional a pesquisa conquistou o 1º lugar na área de Ciências Exatas e da Terra e Gabriel foi premiado pelo melhor relatório científico do evento. A participação rendeu ainda o direito a representar o Brasil na maior feira internacional de projetos científicos, a Intel-Isef International Science and Engineering Fair. O evento contou com a participação de mais de 1.700 alunos do ensino médio de cerca de 70 países e foi realizado nos dias 16 e 17 de maio de 2013. Adilson Beatriz e o professor Ivo Leite Filho, coordenador da FETEC, acompanharam o estudante.

g4A feira conta com dois dias de premiação. No primeiro são entregues os chamados prêmios especiais, dados por instituições que incentivam a pesquisa. O Patent and Trademark Office Society premiou o projeto de Gabriel com o registro da primeira patente concedida nos EUA e o aluno com 500 dólares.  No segundo dia o projeto recebeu o 3º lugar na categoria Química e Gabriel ganhou mais 1000 dólares. “A experiência foi muito boa, aprendi que para participar de feira é preciso muito estudo, aprendi a pesquisar”, finalizou Gabriel.