Foto: Ricardo Gentil*

Estudo analisa condições ambientais do Rio Aquidauana

A preocupação com questões sanitárias e de saúde, somado aos problemas ambientais provocados pelo crescente processo de urbanização, impulsionou pesquisadores do Campus de Aquidauana (CPAQ) a monitorar e caracterizar as águas do Rio Aquidauana para promover a preservação e conservação do ecossistema regional.

A pesquisa é coordenada pelo professor Ricardo Henrique Gentil Pereira e tem como objetivo realizar a caracterização ambiental e o monitoramento das águas do rio nos trechos urbanos entre o Distrito de Palmeiras e os municípios de Aquidauana e Anastácio, para observar a influência da urbanização e a hidrologia nas condições físicas, químicas e biológicas das águas.

Ricardo pesquisa corpos de água na região desde 2002. Segundo ele, essas pesquisas anteriores e a preocupação constante com as questões sanitárias e de saúde animal, humana e ambiental motivaram o grupo de pesquisadores a se aprofundarem no estudo das águas do Rio Aquidauana. “Fizemos uma primeira incursão no Rio Aquidauana quando investigamos, em 2014, a relação entre a qualidade da água e a prática do turismo de pesca. Agora resolvemos investigar um trecho maior do rio, que compreende a região da montante da foz do Rio Cachoeirão, todo o trecho urbano envolvendo os distritos de Palmeiras, Piraputanga e Camisão, e a área urbana de Aquidauana e Anastácio até um ponto a jusante da Pousada Toca da Onça, já em área de Pantanal”, conta.

Pesquisas anteriores motivaram o novo estudo. Foto: Ricardo Gentil*

De acordo com o professor, o Rio Aquidauana tem apresentado diversos problemas ambientais relacionados ao intenso processo de ocupação irregular de suas margens e a carga de resíduos despejados em suas águas. “A ocupação irregular de suas margens inicia-se na nascente, atravessando regiões com propriedades rurais destinadas a agricultura e criação de gado leiteiro e de corte. O rio corta o setor urbano dos municípios de Aquidauana e Anastácio, além de receber tributários de uma região maior que envolve os municípios de São Gabriel do Oeste, Rochedo, Campo Grande, Terenos, Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti”, explica. “Desta forma, o rio recebe uma carga de resíduos proveniente tanto das áreas de produção como dos esgotos domésticos, principalmente dos municípios localizados a sua margem”.

A pesquisa de campo será realizada com a coleta de água e sedimento do rio. Os pesquisadores analisarão as amostras de sedimento por meio da granulometria, para compreender como as partículas inorgânicas ou minerais formam o solo do rio. O estudo também abordará as análises sobre os organismos que habitam no fundo do rio e a movimentação das águas.

A previsão é que a pesquisa seja realizada em 24 meses, podendo ser prorrogada dependendo dos resultados obtidos. Porém, o professor Ricardo ressalta que as normas de distanciamento social por conta da pandemia de Covid-19 impediram o início das atividades, programado para o mês de março. “Como ainda não fizemos atividades de campo, não temos resultados. Estamos planejando iniciar os trabalhos em agosto de 2020, em comunhão com o que estabelece os protocolos de retorno publicados pela Comissão de Biossegurança do campus”, afirma.

No momento o rio sofre com a poluição causada pelos municípios. Foto: Ricardo Gentil*

Os resultados obtidos contribuirão para a elaboração de um documento que pretende auxiliar o poder público nas tomadas de decisões, orientando sobre o destino dos locais que apresentam alto grau de risco ambiental e apresentando futuras propostas relacionadas ao manejo e conservação dos ambientes naturais essenciais para o equilíbrio ecológico e desenvolvimento econômico da região.

“Os resultados também serão divulgados entre a comunidade científica através de publicações tanto de circulação nacional quanto internacional, com a participação de pesquisadores em eventos científicos e ainda com a confecção de folhetos, cartazes, cartilhas e livros utilizando-se das informações coletadas no decorrer da realização do projeto”, declara Ricardo. “O projeto ainda pretende realizar a divulgação da Limnologia como ciências, trabalhando na formação de pesquisadores em ciências aquáticas que futuramente serão mão de obra qualificada no estado do Mato Grosso do Sul, estado que apresenta uma rica diversidade econômica que vai além do Pantanal e que é dependente diretamente de águas, em quantidade e qualidade”.

Intitulada “Estudo das condições ambientais no Rio Aquidauana/MS: uma análise das características limnológicas, bacteriológicas e das populações de macroinvertebrados bentônicos”, a pesquisa será desenvolvida pelo grupo de pesquisadores composto pelos professores Rogério Faria e Edihanne Gamara Arguelho, as técnicas Adriana de Barros e Nara Inácio Luccas Lazaro, o doutor pela UFMS, Jonas de Sousa Correa e o biólogo da Prefeitura de Aquidauana, Fernando Ibanez Martins.

Para contribuir com a pesquisa, também foram realizados contatos com pesquisadores da FioCruz do Rio de Janeiro, pois segundo Ricardo, a equipe ainda está estudando novas possibilidades de parcerias. Para contato ou mais informações, basta enviar um e-mail para ricardo.pereira@ufms.br.

Texto: Juliana Ovelar (estagiária da Agecom no CPAQ) e Leticia Bueno

* As fotos são de pesquisas antigas realizadas pelo professor Ricardo Gentil no Rio Aquidauana. O estudo divulgado na matéria ainda não teve início por conta da pandemia do novo coronavírus.