Em vídeos rápidos, pesquisadores recebem dicas de redação científica

As universidades são centros de desenvolvimento de pesquisas das mais diversas áreas do conhecimento, porém, alguns pesquisadores em formação possuem dificuldade em transpor os dados coletados e experimentos realizados para artigos científicos bem redigidos que irão divulgar seu trabalho.

Para atender essa demanda, o projeto Dicas de Redação Científica foi aprovado no edital UFMS Contra o Coronavírus. “Uma das preocupações recorrentes dos meus colegas orientadores da pós-graduação é que muito do conteúdo produzido nos laboratórios acabam, eventualmente, virando artigo científico e há alunos que não sabem redigir”, conta o professor Giuseppe Câmara, coordenador da ação. “A partir dessa lógica, desejo ensinar a alunos de graduação e pós-graduação, sejam mestres ou doutores, a redigir e também sobre como a filosofia usada na ciência e pela ciência embasa esse tipo de escrita”.

De acordo com Giuseppe, essa preocupação motivou a inauguração da disciplina de redação de textos científicos no Programa de Pós-Graduação em Química. O conteúdo da disciplina foi adaptado e virou o Dicas de Redação Científica, com aulas em vídeo de duração máxima de cinco minutos.

Os vídeos do projeto são divulgados no YouTube da TV UFMS e até o momento dois vídeos já foram publicados. Segundo o professor, “através de plataformas de divulgação online, espero que a gente consiga ampliar o alcance dessas coisas que vêm sendo discutidas na disciplina e eu o YouTube se presta muito bem para isso, porque normalmente eu tenho cerca de 20 a 25 alunos que se matriculam na disciplina da pós-graduação e os primeiros vídeos que eu postei no canal e mandei para a TV UFMS tiveram mais de 200 visualizações, então nós estamos falando de um alcance de magnitude maior”.

Para Giuseppe, a importância do projeto está na significativa melhora da divulgação e difusão das pesquisas científicas brasileiras. “Muitos dos trabalhos dos nossos pós-graduandos – e isso eu posso falar em termos de Brasil, porque eu já ministrei essa disciplina em forma de minicursos por aí – ficam muito bons em termos de qualidade da obtenção dos dados, mas que ficam mascarados atrás de um texto mal escrito e aí eventualmente esses trabalhos não são publicados ou são publicados em revistas de alcance menor do que eles teriam potencial”, afirma.

Outro objetivo do projeto é contribuir com os pesquisadores que, neste momento de isolamento social, estão focados em suas dissertações e artigos por não poderem desenvolver atividades práticas nos laboratórios. “Muitos alunos estão preocupados com o que fazer nesse tempo em que eles não podem ir para o laboratório, vendo isso como uma perda de tempo, então também é objetivo do projeto mostrar que eles podem aproveitar esse tempo em que eles não realizam novos experimentos para redigir sobre aqueles dados que eles já coletaram”.

Texto: Leticia Bueno