Crianças com autismo recebem atendimento individualizado no Câmpus de Paranaíba

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um conjunto de condições caracterizadas por algum grau de dificuldade no comportamento social, na comunicação e na linguagem.

O projeto de extensão InterTEA: Intervenção Dirigida ao Transtorno do Espectro Autista, coordenado pela professora do Câmpus de Paranaíba, Ana Luiza Bossolani Martins, atende crianças de três a seis anos, com o TEA. O objetivo do atendimento é desenvolver as habilidades de cada uma delas, além de potencializar a aprendizagem dos estudantes do curso de Psicologia.

“Cada criança recebe um atendimento semanal em diferentes ambientes, o ambiente da casa, o ambiente da escola e também na clínica. Isso totaliza de oito a dez horas de atendimento para uma única família”, explica a coordenadora.

Os atendimentos são realizados pelos estudantes, após passarem por uma formação teórica que dura seis meses. Os extensionistas aprendem conceitos básicos sobre autismo, como realizar os diagnósticos, quais são as causas e posteriormente, aprendem técnicas voltadas à análise do comportamento aplicada ao TEA. Ao final do curso, os estudantes passam por uma prova e se forem considerados aptos, poderão atuar na prática.

“A gente faz um primeiro atendimento, há uma conversa para a gente estabelecer um vínculo com a família, entender qual a dinâmica dessa família, quando perceberam que havia alguma coisa diferente com a criança e se há outros indivíduos com autismo na família”, conta Ana Luiza. “A gente explica como funciona o projeto, que precisam ter uma disponibilidade de horas para que a gente vá até a casa ou a escola, então temos que fazer uma conversa tanto com a família quanto com a escola para poder organizar os atendimentos”.

Equipe de 2022 do InterTEA, formada por professores e estudantes do curso de Psicologia

Após os primeiros passos, é feita a observação da criança com TEA de maneira neutra nos diferentes ambientes que ela frequenta, a partir disso, essa criança é avaliada com base na Avaliação de Marco do Desenvolvimento e Programa de Nivelamento, o VB-MAPP. O VB-MAPP é um sistema de avaliação e acompanhamento de habilidades para avaliar a linguagem, a autonomia, o aprendizado e as interações sociais de crianças com autismo e outros distúrbios de desenvolvimento. “A gente faz essa avaliação pelo VB-MAPP e a partir daí traçamos em que estágio do desenvolvimento essa criança se encontra e quais são os maiores déficits que ela apresentou”.

Terminado a avaliação, a equipe elabora um Plano de Ensino Individualizado (PEI), que estabelece objetivos e metas específicas para o desenvolvimento de cada criança. “Uma criança é diferente da outra, então não como a gente generalizar esse projeto de ensino”, ressalta.

Além das intervenções voltadas para a criança com TEA, o projeto também tem como objetivo treinar os pais e outros familiares, ensinando como lidar com a criança e como desenvolvê-la no dia a dia com segurança e autonomia. Nesse contexto, Ana Luiza salienta a importância da participação de todas as pessoas da casa no treinamento do InterTEA, sejam pais, avós ou irmãos. “Não adianta somente trabalhar com a criança e não trabalhar com os pais, porque nos momentos em que a equipe não se encontra na casa, os pais vão ter a tarefa de treinar os filhos com os objetivos do projeto de ensino individualizado”.

Ao final do PEI, é realizado um segundo VB-MAPP, a fim de reavaliar a criança e observar os desenvolvimentos na memória, na parte motora, na comunicação e na autonomia. A evolução também é apontada pela família, que destaca os avanços no dia a dia. “Os pais ficam extremamente esperançosos com o desenvolvimento da criança e para nós enquanto equipe é extremamente gratificante, cada ganho da criança e da família para nós é uma recompensa enorme no sentido de que estamos no caminho certo”, destaca.

“É um compromisso também da Universidade, do papel da Universidade poder utilizar do seu conhecimento para auxiliar as pessoas da comunidade de um modo geral”.

Desde 2019, 26 pessoas já foram atendidas pelo projeto, entre crianças e familiares. O projeto possui parcerias com a Secretaria Municipal de Saúde de Paranaíba e com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, que encaminham as famílias interessadas. A lista de espera do InterTEA é atualizada todos os anos e os atendimentos são realizados pela ordem de idade da criança. A cada semestre, duas famílias são atendidas.

As famílias de Paranaíba que estejam interessadas em participar do InterTEA podem entrar em contato com a equipe pelo site do projeto .

 

Texto: Maurício Aguiar

Fotos: arquivos da pesquisadora