Foto: Paulo Robson

Cientistas alertam para perda de insetos no mundo e sugerem soluções

Já é notório que mudanças climáticas, conversões de usos do solo, utilização indiscriminada de inseticidas, poluições e a presença de espécies exóticas estão exterminando as populações de insetos responsáveis pela promoção de uma série de serviços essenciais e insubstituíveis à humanidade.

Mas a inércia diante desse fato alarmante – já tratado em manifesto há mais de 20 anos – levou um grupo internacional de biólogos de conservação – entre eles o professor Fabio Roque, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia (PPGEC) da UFMS – a publicar em fevereiro dois artigos na prestigiada revista Biological Conservation chamando atenção do mundo para o declínio das populações de insetos.

Os artigos “World Scientists’ Warning to Humanity” (Aviso dos cientistas mundiais  à humanidade ) e “Solutions for humanity on how to conserve insects” (Soluções para a humanidade sobre como conservar insetos) querem disseminar e popularizar os desafios postos e pela importância recebem ampla divulgação em importantes meios de comunicação como na revista americana Forbes e no jornal britânico The Guardian.

Nos artigos, os pesquisadores apresentam sínteses sobre a importância dos múltiplos serviços ecossistêmicos dos insetos, incluindo aspectos éticos e econômicos, muito pouco reconhecidos, apontam as possíveis extinções iminentes de algumas espécies, a consequência disso e como a humanidade será negativamente impactada.

De acordo com Fabio Roque, os insetos representam o grupo mais rico em espécies do Planeta e promovem diversos serviços para humanidade, como polinização, decomposição, controle de pragas, alimentação, inspiração tecnológica, entre muitos outros.

“Existem evidências de diferentes locais no mundo de que estamos perdendo populações de insetos. Logicamente, parte das soluções passa por minimizar e reduzir os impactos destes fatores de mudanças”, afirma.

Nos artigos os pesquisadores reportam diversas iniciativas locais de sucesso e sugerem que o desafio é expandi-las globalmente. As ações tangíveis incluem garantir a manutenção da heterogeneidade temporal e espacial, conectividade funcional e estrutural de paisagens, incluindo a conservação de habitats únicos.

Também chamam atenção para a necessidade de agricultura e silvicultura sustentáveis, criando novas paisagens que conciliem produção e conservação da biodiversidade.

“Estamos causando extinção de insetos, levando à perda, degradação e fragmentação do habitat, uso de poluentes e substâncias nocivas, disseminação de espécies invasoras, mudança climática global, superexploração direta e co-extinção de espécies dependentes de outras espécies. Com extinções de insetos, perdemos muito mais que espécies. Perdemos abundância e biomassa de insetos, diversidade através do espaço e do tempo com consequente homogeneização, grandes partes da árvore da vida, funções ecológicas únicas e características e partes fundamentais de extensas redes de interações bióticas”, afirmam os cientistas.

Os pesquisadores apelam para ações urgentes para fechar as principais lacunas de conhecimento e reduzir a extinção de insetos, como investimento em pesquisa e programas que geram estratégias locais, regionais e globais.

“Apesar de uma sólida base filosófica, valores éticos reconhecidos e evidências científicas, em nível global, estamos apresentando um desempenho insatisfatório em instigar conservação eficaz de insetos. A diversidade de insetos à prova de futuro é agora crítica, com os benefícios de longo alcance, incluindo prestação continuada de serviços ecossistêmicos valiosos e a conservação de um componente rico e impressionante da biodiversidade da Terra”, completam.

Texto: Paula Pimenta