Benefícios da meditação no controle da pressão arterial são analisados em pesquisa

Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e do Ministério da Saúde apontam a hipertensão arterial como responsável por mais da metade de casos de doenças cardiovasculares, afetando ainda mais de 30% da população mundial adulta e mais de 30 milhões de pessoas no Brasil. Em 2021, segundo a OPAS, mais de um quarto das mulheres adultas e quatro em cada dez homens adultos têm hipertensão nas Américas.

Por sua elevada prevalência e dificuldade de controle, a hipertensão arterial ainda é considerada um problema de saúde pública. Cientes disso, um grupo de pesquisadores da UFMS, coordenados pelo professor da Faculdade de Medicina Paulo de Tarso Guerrero Muller está desenvolvendo uma pesquisa para avaliar a relação da prática da meditação no combate ao distúrbio.

“O que nos motivou foi a crescente necessidade de combater a hipertensão arterial. A sua principal causa, hoje, é o estresse, que causa alterações neuro-humorais, ativando uma cascata de reguladores cerebrais e sistêmicos. Entre esses, o corpo carotídeo, um pequeno órgão do tamanho de uma ervilha, localizado no pescoço, que tem um papel destacado. A meditação é aceita como uma estratégia de ajudar os medicamentos no combate a hipertensão já que diminui o nível de estresse, traz segurança, e um estado de equilíbrio físico que já está provado”, ressalta Paulo.

De acordo com o professor, o grupo que desenvolve os estudos é composto por enfermeira, fisioterapeutas, médicos, além de acadêmicos do curso de Medicina. No momento, segundo Paulo, estão selecionando participantes para os grupos de meditação e de controle. “Propomos aplicar os conhecimentos em 36 convidados e participantes para o grupo meditação e 36 para o grupo controle. No entanto, o grupo controle será convidado, após o término do estudo, a participar do tratamento com meditação. Ficará em uma lista de espera”, explica.

“As atividades serão feitas no laboratório inicialmente, onde poderá participar de aulas sobre hipertensão, coleta de exames. Após isso será sorteado para o grupo meditação ou controle. O tratamento deverá durar oito semanas, sendo que uma vez por semana, em uma clínica, o tratamento será dirigido por um profissional especialista em meditação e, nos outros dias, os participantes deverão fazer por 20 minutos a meditação em casa, duas vezes por dia, e continuar normalmente usando seus medicamentos de hipertensão arterial”, fala o coordenador dos estudos. “Temos expectativas boas de contribuir para entender melhor os efeitos da meditação no corpo humano. Os indivíduos ganharão em participar um check-up completo cardiovascular, o que é muito bom, para seu controle e deu seu médico”, acrescenta.

Paulo ressalta que os benefícios da prática são muitos. “A meditação diminui o nível de estresse, traz segurança, e um estado de equilíbrio físico que já está provado. Os benefícios são muitos, regula uma série de hormônios no corpo, regula a ação de um sistema de nervos chamado sistema autônomo, entre outros benefícios. Não é possível comparar completamente com outros métodos, mas tem grandes efeitos para o corpo e a mente. O tempo dispendido por dia de apenas 20 minutos é uma vantagem”, complementa.

Mais informações sobre o projeto e como participar podem ser obtidas pelo e-mail meditacao.famed@ufms.br.

 

Texto: Vanessa Amin