Ameaças a polinizadores podem impactar produção de alimentos e manutenção da Biodiversidade

No Brasil 76% das plantas consumidas como alimento é dependente do serviço ecossistêmico de polinização realizado por animais como abelhas, besouros, moscas, vespas, borboletas, mariposas, aves, morcegos e hemípteros. Ameaças a esses animais como o desmatamento, mudanças climáticas e o uso indiscriminado de inseticidas e agrotóxicos preocupam pesquisadores, que alertam para a importância de se manter a segurança alimentar e a biodiversidade.

Na tarde de hoje (23) a programação da 71ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) contou com a mesa redonda “Polinizadores e polinização no Brasil, impacto na produção de alimentos e a manutenção da Biodiversidade”. As palestrantes foram Márcia Motta Maues da Embrapa Amazônia Oriental, Vera Lúcia Imperatriz Fonseca do Instituto Tecnológico Vale (ITV) e Roberta Cornélio Ferreira Nocelli da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Segundo Márcia Motta Maues existem formas de polinização artificial, mas o custo agregado à produção talvez não seja tão interessante. “Seriam necessárias muitas pessoas e a polinização natural, que é feita principalmente pelas abelhas, é gratuita”, disse. A pesquisadora chamou a atenção também para a qualidade da polinização. “Quanto melhor for polinizado um fruto mais saboroso e de melhor qualidade ele será. E isso inclui outros produtos como o algodão, por exemplo, estudos mostram que a fibra resultante de uma boa polinização é mais forte, mais resistente.”, explicou.

“Por isso é interessante olharmos com muito carinho para esses animais polinizadores, cuidar muito bem das áreas de florestas nativas, das áreas no entorno do plantio, seguir o que o código florestal preconiza para as propriedades. Existe um conjunto de práticas sustentáveis e amigáveis aos polinizadores que devem ser difundidas. Os polinizadores contribuem para se produzir mais e melhor”, finalizou.

Para João Marcelo Kassar Ismael, um dos coordenadores do projeto “Enxameia – Abelhas nativas do Brasil“, as informações passadas e debatidas pelas pesquisadoras foram muito enriquecedoras. “Trabalhamos justamente com a educação ambiental nas escolas e alertamos para os riscos de extinção das abelhas. Discutir esse tema na SBPC mostra que a sociedade está sensibilizada e as pesquisas avançam com dados muito relevantes”, afirmou.

Mais informações sobre os polinizadores e os dados referentes à temática no Brasil podem ser obtidas junto à Rede Brasileira de Interações Planta-Polinizador (REBIPP), da qual as pesquisadoras fazem parte.

 

Texto e fotos: Ariane Comineti