Papel social da universidade e da pesquisa científica marca workshop Ciência e Sociedade

Com objetivo de debater o papel social da universidade, da pesquisa e da pós-graduação no Brasil, a pesquisadora Débora Foguel palestrou durante o workshop Ciência e Sociedade, realizado às 10h desta quarta-feira, 14. O evento virtual foi mediado pela pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação, Maria Ligia Rodrigues, e foi transmitido ao vivo pela TV UFMS e pela Rádio Educativa UFMS 99.9.

Débora é professora no Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e membro da Academia Brasileira de Ciências. No workshop, ela discutiu sobre desafios e ‘lendas’ sobre alguns indicadores de pesquisa na pós-graduação no Brasil.

A pesquisadora iniciou a palestra falando sobre o financiamento, ou ‘desfinanciamento’ da pesquisa, e sobre a importância das universidades públicas na produção de conhecimento novo. “95% da produção científica do Brasil ocorre nas universidades públicas. Se a gente subfinancia as universidades, a gente vai levar para o ralo toda a pesquisa e a ciência que é feita no Brasil, porque diferente de outros países, ela acontece dentro dos laboratórios, dos escritórios e salas de pesquisa. É um risco para a soberania deste país”, alerta.

Débora também falou sobre as “obras inacabadas” da história brasileira, no que se diz respeito à formação de pessoas no âmbito da educação básica e superior. “A gente tem que olhar esses números com muita cautela e cuidado, e ter um compromisso enquanto professores e estudantes universitários. Isso são obras inacabadas da nossa história e que a gente não pode descansar enquanto isso não for resolvido”, ressalta Débora.

A pesquisadora também destacou a qualidade e o aumento da produção científica brasileira. Segundo dados da Revista Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), de 2018 para 2019 houve um aumento de 6,9% da produção de publicações científicas no Brasil, o que corresponde por 2,8% da produção mundial. “Quando a gente divide o número de publicações por 100 mil habitantes, o Brasil tem em torno de 30,6 publicações e o mundo tem 30,3. Mato Grosso do Sul é um dos estados que, também ao normalizar por 100 mil habitantes, está acima da média da China, África do Sul e do Brasil, com 41,7 publicações”, destaca.

Por fim, a pesquisadora compartilhou dados que mostram como as universidades brasileiras interagem com empresas, em igualdade com as instituições pares norte-americanas, o que segundo ela, desmistifica outra lenda que diz que as universidades brasileiras não atendem às demandas das indústrias. “As nossas universidades produzem artigos em co-autoria com empresas exatamente em igual proporção que o MIT, a UCDavis e Berkley, que possuem de 3% a 5% dos seus artigos com autoria de professor e empresário. Nossas universidades estão listadas com 2,5%, 3,5% e 4%. Portanto, as nossas universidades interagem com empresas, publicam e contribuem para o desenvolvimento do país”, finaliza Débora.

O workshop Ciência e Sociedade integrou a programação da campanha Eu Respeito, que mensalmente traz temas relevantes para o enriquecimento da comunidade universitária.

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Texto: Lucas Caxito (estagiário da Agecom)